• Observação da nossa equipe:Vamos supor que o material didático utilizado na escola do seu filho mencione a ideia de ´identidade de gênero´, como o fornecido pelo governo de São Paulo (de onde extraímos a imagem abaixo), Ou, talvez, essa ideia conste do curso de formação em “gênero e sexualidade” que você, professor (a), fará (como este). É possível, também, que alguma das muitas organizações e ativistas LGBT no seu Estado tenham oferecido uma palestra ou “treinamento” acerca de “diversidade”, “inclusão” e “identidade de gênero”, como é o caso da ONG citada neste texto. Eu sei, por experiência própria, que pode ser muito, muito difícil mesmo se posicionar sem ser acusado (a) de ser intolerante ou ´transfóbico´. Ainda mais para quem ainda não domina todos os termos e jargões utilizados pelo transativismo. Mas nos posicionarmos é a única maneira de frear a epidemia mundial de meninos e meninas fora do padrão acreditando que haveria algo de errado com seus corpos saudáveis e este texto pode te ajudar nisso. Ele foi postado originalmente pelo Transgender Trend , site que foi uma das nossas inspirações, e traduzido por uma de nossas apoiadoras, a Larissa”.

Quais questões uma escola deveria fazer sobre o treinamento do grupo Mermaids para professores?

A colaboradora destas notas é uma professora de inglês e chefe do departamento em uma escola de ensino fundamental. Ela tem mais de 20 anos de experiência em sistemas educacionais do Reino Unido e outros países. Somos agradecidas a ela por compartilhar estas notas e permitir que publiquemos seu guia de questões que escolas deveriam fazer sobre o treinamento em “identidade de gênero” fornecido por organizações externas.

Discutindo “identidade de gênero” nas escolas: assegurando que funcionários e alunos recebam informação apropriada em discussões com respeito a gênero.

Esse post se baseia em notas que fiz e usei em uma reunião onde expressei minhas preocupações a respeito do conteúdo do Mermaids que está sendo usado para formar políticas, práticas e ideologias na escola onde trabalho.

Os funcionários deveriam receber o feedback de dois membros da equipe escolar que participaram do treinamento em “diversidade de gênero”. Eu perguntei quem forneceu o treinamento e descobri que ele foi promovido pelo grupo Mermaids. No clima atual, muitos professores podem se sentir ameaçados se desafiarem as ideias de grupos como o Mermaids, mas eu já trabalho nessa escola há muitos anos e, embora estivesse muito nervosa, senti que meu posicionamento seria respeitado. Eu também decidi que deveria lutar contra qualquer tentativa de me dissuadir da visão de sexo e gênero que tenho como base. Portanto, eu dei voz às minhas dúvidas sobre o conteúdo ministrado pelo Mermaids e tive uma reunião com os responsáveis pela gerência da escola e os funcionários que participaram do treinamento.

Após essa reunião, a administração da escola decidiu que o conteúdo do Mermaids não seria apresentado aos funcionários da minha escola e que nós avaliaríamos o conteúdo mais a fundo antes de tomar decisões. Estou compartilhando estas notas em caso você queira ter essa conversa em sua escola de maneira informada e respeitosa e apresentar visões diferentes daquelas exposta pelo Mermaids.

Para esclarecimento, eu não participei do treinamento Mermaids (embora tenha assistido a uma filmagem secreta de uma das sessões de treinamento que se encontra online). Minhas objeções são feitas com base no que sei sobre o Mermaids e no vídeo que assisti e fez parte da apresentação em nossa reunião escolar.

Eu não usei todo este conteúdo durante a reunião; eu tinha estas notas comigo principalmente para que eu me sentisse confiante sobre o que iria dizer. Como o assunto está sendo tão prevalente em diferentes áreas da vida, em um contexto escolar, eu achei importante fazer questão que meus comentários estivessem baseados em situações escolares a todo momento. E diria que apresentar questões focadas na escola são importantes (o que isso significa na prática para nossa escola?) assim como ter uma alternativa positiva.

Espero que estas notas possam ser de uso de qualquer outro professor ou pais e mães que queiram discutir todos os fatores a serem considerados quando tratando dessa questão em escolas.

Introdução sobre o Mermaids — alunos e funcionários podem não estar familiarizados com a proposta e as crenças desse grupo.

O grupo Mermaids foi fundado em 1995 por pais e mães. Seu objetivo é apoiar jovens que se identificam como trans e suas famílias (não LGBTQI). O Mermaids não é uma organização de profissionais da saúde. Sua CEO Susie Green não é médica ou possui qualquer qualificação ou treinamento na área da saúde.

O foco não é nos sentimentos que outras pessoas em uma dada comunidade em que um jovem trans está inserido possam ter. O Mermaids ajuda crianças e suas famílias individualmente. E eu penso que a escola é uma comunidade e por isso precisa de uma abordagem holística.

O treinamento dado pelo grupo é uma atividade mais recente e há uma resposta mista a respeito da qualidade, apropriação e precisão deste treinamento. Aqui está um exemplo de uma dessas preocupações, escrita por uma advogada britânica (o artigo é longo, mas começa com um estudo de caso e continua explorando o papel do grupo Mermaids e sua atitude em relação àqueles que apresentam visões opostas sobre jovens em transição de gênero, leia o artigo aqui):

Ponto 1

O grupo Mermaids foi questionado sobre seu encorajamento a intervenções precoces em crianças: hormônios bloqueadores de puberdade e cirurgias. O grupo indica clínicas online às famílias. Uma delas era gerida por Helen Webberly e, posteriormente por seu marido. Ambos foram suspensos pelo Conselho Geral de Medicina do Reino Unido. Isso vai contra a política indicada pelo Serviço de Desenvolvimento de Identidade de Gênero (Reino Unido), que indica uma prática conhecida como “espera vigilante” quando se trata de crianças que questionam seu gênero. (Fonte aqui)

QUESTÃO PARA A ESCOLA: Nós compartilhamos dessa ideologia ou existiria uma abordagem diferente que gostaríamos de explorar para crianças que estejam questionando seu gênero em nossa comunidade? Uma organização que defenda essas abordagens é capaz de ministrar treinamento e passar informações aos funcionários de nossa escola? Seria o caso dos Mermaids terem posições que gostaríamos de examinar, em particular considerando quem eles afetariam ou influenciariam em nossa comunidade escolar?

Ponto 2 

O grupo Mermaids acredita em auto-identificação e que você pode ser um menino ou uma menina como resultado de um sentimento que você tem; e que, portanto, você deve ter acesso a serviços, espaços e acomodações baseadas em como você se identifica.

Isso é problemático com relação aos espaços e atividades separados por sexo: no caso da escola se aplica a banheiros, vestiários, acomodações durante viagens escolares e alguns esportes — os quais são segregados por sexo, não identidade de gênero.

Escolas são ambientes diversos — inclusive em termos de fé. Alguns grupos religiosos que não acreditam em ideologia transgênero não aceitariam que seus filhos fossem obrigados a trocar de roupa junto de membros do sexo oposto, independente de como estas crianças se identificam. Outros pais e alunos — independente da religião — podem ter preocupações com relação à privacidade, segurança e conforto.

QUESTÃO PARA A ESCOLA: Espaços separados por sexo continuarão a assegurar a privacidade e dignidade de alunos em situações íntimas durante uma fase sensível de duas vidas enquanto prezamos questões de segurança?

Ponto 3

O Mermaids não trata de requerimentos legais: atendimento por profissionais do mesmo sexo e outros serviços que escolas são obrigadas a oferecer. No Reino Unido, a remoção de banheiros femininos de algumas escolas na pressa de se tornarem “inclusivas” fere a norma que exige instalações separadas por sexo em escolas para crianças maiores de 8 anos (2012 Education Act, ponto 13, página 6).

Alguns pais reclamaram que suas filhas não gostam de banheiros mistos porque a presença dos garotos as fazem sentir-se desconfortáveis, sofrem constrangimento por terem “acidentes” menstruais e sentem-se mais propensas ao assédio — isso fez com que garotas evitem beber água, segurem a urina ou até mesmo deixem de ir a escola para não ter que usar o banheiro misto.

QUESTÃO PARA A ESCOLA: Quais normas devemos seguir para assegurar que estamos de acordo com a lei?

Ponto 4

Grupos feministas apontam que a narrativa de grupos como o Mermaids é baseada em estereótipos de gênero. Isso fica claro no vídeo que nos convida a concordar que um garotinho vestido com roupas femininas é na verdade uma menina devido a sua aparência estereotipicamente feminina.

Muitas das histórias compartilhadas pelo Mermaids se baseiam em garotos brincando de boneca, gostando da cor rosa, usando roupas “de menina” e preferindo brincar com meninas como evidências de que essa criança *é* uma menina. E vice-versa para garotas em não conformidade com seu gênero: gostam de brincadeiras físicas, brincam com caminhões, usam roupas “de menino” e cabelos curtos. Aqui está um slide de uma apresentação do grupo Mermaids que indica claramente a visão deles sobre gênero e convida os participantes a escolher seu lugar/identidade de gênero dentro do “espectro do gênero”.

(Fonte aqui)

(Nenhum estudo científico oferece qualquer suporte que valide a escala de gênero de 12 pontos que vai de Barbie a GI Joe. Não há espaço aqui para você dizer que não quer uma identidade de gênero ou não sentir que você tenha uma).

QUESTÃO PARA A ESCOLA: Como isso se enquadra em nossos esforços para que garotos e garotas rompam com estereótipos (encorajando a participação de garotas nas ciências e nos esportes)?

Que mensagens estamos passando para as garotas “masculinizadas” e garotos “afeminados” de nossa escola? Estaríamos dizendo que eles são na verdade do sexo oposto e portanto não válidos como garotas e garotos do jeito que são?

Resumo

Levantei minhas preocupações devido às implicações para nossa escola ao seguir o caminho da ideologia do Mermaids. O que significa para as práticas diárias de nossa escola? E que mensagens passamos aos estudantes sobre o que é ser um menino ou uma menina?

Quando criamos políticas para crianças trans, eu gostaria que pensássemos em revisar diversos recursos e abordagens, incluindo o material produzido pelo Transgender Trend antes de eventuais decisões sobre essa questão tão sensível. Eu gostaria que todos os recursos para assegurar a segurança das garotas (que são 50% da nossa comunidade escolar) fossem considerados.

Outros links sobre o Mermaids e guias para “crianças trans” na escola

Carta expressão preocupação acerca do papel da Mermaids em escolas e grupos de orientação ao jornal Sunday Times – Leia Aqui

Artigo frisando as potenciais lesões aos Direitos Humanos em um guia transgênero para escolas – Leia Aqui

Artigo da TES de um professor do Ensino Médio que se identifica como trans sobre apoiar alunos transgêneros garantindo proteções a todos na comunidade escolar – Leia Aqui

Um PDF deste post pode ser encontrado no nosso link Recursos para Escolas – Leia Aqui

_________

Ilustração @raposarte