Queridas leitoras e leitores,

vocês já repararam, lendo matérias jornalísticas sobre crianças e adolescentes que se declaram “trans”, o quanto as mães, ainda mais que os pais, foram desempoderadas? Num momento em que tanto se fala em empoderamento feminino, elas perderam até mesmo o direito mais básico que é o de dizer que têm um filho ou uma filha, de analisar a questão com base na realidade material, no que sabem sobre seus rebentos e de questionar o discurso transmedicalizador. Foram convencidas de que estão desatualizadas e que precisam ser “reeducadas” sobre “gênero”; você certamente já as viu dizer (ou você mesma já disse) frases como “Eu não entendia nada de ´gênero´, mas a equipe multidisciplinar do ambulatório me ensinou tudo”. “Eu comecei a seguir ´pessoas trans´, porque só elas sabem o que é ´ser trans´”. “Eu achava que tinha um filho gay/uma filha lésbica, mas me ensinaram que ´identidade de gênero´ é uma coisa e orientação sexual é outra totalmente diferente”.”Minha filha/filho pesquisa sobre o assunto na internet e me mostra”. “Questionar a identidade e os pronomes de alguém é ´transfobia´ e causa suicídios”.

A mãe desconfia que não há nada de errado no corpo do seu filho, ela sabe que ele sequer é um adulto plenamente formado para entender o impacto de todas essas substâncias a longo prazo e intui que há muitas coisas que podem fazer com que a gente se sinta confuso ou infeliz com o que somos. É quem melhor conhece sua cria, mas foi convencida a abrir mão do que sabe e de seus instintos. As autoridades agora são indivíduos que nunca viram seus filhos, mas que dominam o jargão de “gênero”: o profissional de saúde que vê nesses pacientes um simples nicho de mercado, o acadêmico queer, o ativista “LGBTQIA+”, a organização transativista que fala em  “trabalho sexual”. Os especialistas não conseguem comprovar a presença dessa tal “identidade de gênero” num exame de sangue ou numa tomografia cerebral desses pacientes, mas apresentam aos responsáveis um termo de consentimento que permitirá a eles iniciar uma espécie de castração química similar à que alguns países performam em estupradores:

Nas palavras do personagem de Matthew McConnaghey ao jovem Leonardo DiCaprio em “O lobo de Wall Street”, O nome do jogo: mover o dinheiro do bolso do cliente para o seu bolso. O dinheiro sai do bolso dos pais, do contribuinte, dos outros doutores que pagam pelos cursos de “saúde LGBTQIA+” para também ganhar dinheiro com estes pacientes e suas supostas “identidades de gênero”. Aliás, o mesmo personagem de Matthew parece estar definindo a cortina de fumaça da “identidade de gênero” quando explica a DiCaprio o que significa “fugazi”: “É uma tontice. É pó de fada. Não existe. Nunca chegou à Terra. Não é matéria. Não está na tabela periódica. Não é real“).

Mas a boa notícia é que há mães, no mundo todo, desafiando esse discurso e retomando a crença em si mesmas e na capacidade de seus filhos de voltarem a se sentir confortáveis em seus corpos. Elas estão se unindo, trocando informações e descobrindo que vivem histórias muito parecidas seja no Brasil, nos Estados Unidos, na Itália, na Índia: que seus garotos e garotas que experimentam uma variedade de condições que pode incluir depressão, ansiedade, autismo, questões com sua orientação sexual, bullying escolar e também, simplesmente os sofrimentos e confusões próprios do crescimento – ainda mais quando se cresce num mundo hiperconectado e cada vez mais desconectado do real. Elas estão procurando outros profissionais. Elas estão se perguntando o que já falamos aqui várias vezes: será que o sentimento de inadequação não éa um sintoma de outras coisas em vez de uma condição médica em si? Elas estão ouvindo os destransicionados, as pessoas que um dia também foram convencidas de que hormônios e ou cirurgias seriam a solução para elas, como a brasileira Isabela Aroca – que, aliás, iniciou a “transição” já na vida adulta. Isabela assim se manifestou à revista GQ: “Pode parecer exagero, mas posso jurar que senti meu útero atrofiar. Havia dias que a região do meu quadril latejava e queimava de tanta dor, era insuportável. Conhecia outras pessoas que estavam passando pelo mesmo procedimento que eu à época, perguntei sobre as dores, mas todas me disseram que era normal – normal? É normal sentir tanta dor ao ponto de não conseguir andar?

(Se nem mesmo uma mulher adulta podia compreender todo o impacto da testoterona em seu corpo, por que uma adolescente poderia? E mais: você viu essa entrevista ser repercutida por médicos dessa especialidade? Por ativistas da sigla “LGBTQIA+”? Nos grupos das bem-intencionadas mas equivocadas “mães de LGBTs”, as quais acreditam servir a uma causa quando estão simplesmente fazendo propaganda gratuita para médicos e laboratórios encherem os bolsos? Você viu essas pessoas trazendo a público a recente notícia de que a Suécia foi o primeiro país a proibir o uso de hormônios bloqueadores de puberdade em menores abaixo dos 16 anos com base em diagnósticos de “gênero”? Vamos voltar a esse assunto em outra oportunidade).

As mães estão buscando outros profissionais, outros tratamentos, outras leituras, outras formas de lidar com a questão não incluem o uso de hormônios sintéticos, nem mutilações, nem mentiras. O texto que você lerá agora foi publicado pela campanha Partners for Ethical Care (Parceiros pelo Cuidado Ético) com essa mesma imagem em inglês; trata-se de uma iniciativa incrível e que gerou um livro lançado em abril. Eu convido vocês a assinarem o site da PEC (o qual tem um podcast) e seguir a campanha no Youtube, Facebook, Instagram e Twitter.

Convido você também a encaminhar este texto para o maior número de pessoas possível, sobretudo mães. Em algum momento, ele chegará à mãe de um filho ou filha  que também se declara “trans” e pode ajudá-la a redescobrir seu poder.

Boa leitura e um grande abraço,

Eugênia Rodrigues.

Porta-voz da campanha No Corpo Certo

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O incessante aliciamento de nossos filhos pela indústria da identidade de gênero

 

Nós gritamos: “Nós os conhecemos! Nós estivemos com eles, cuidamos deles, os amamos por toda a vida deles!”

Aqueles que deveriam saber melhor, aqueles a quem entregamos nossos filhos com confiança, aqueles que nossa sociedade considerou autoridades confiáveis, disseram o contrário aos nossos filhos e, ao fazê-lo, plantaram uma semente de desconfiança. Desconfiança da única pessoa que morreria por eles, a mesma que lhes deu a vida. Eles  disseram que conhecem nossos filhos melhor do que nós e, infelizmente, algumas de nós acreditamos. Eles disseram aos nossos filhos que era OK, que era até mesmo bom nos rejeitar, e ao mesmo tempo os convenceram de que éramos nós que os rejeitávamos. Eles disseram aos nossos filhos para nos abandonarem, que eles iriam apoiá-los e amá-los por quem eles REALMENTE são. Eles disseram aos nossos filhos disseram que nunca poderíamos entender e, pior, que odiamos quem eles realmente são. Estas são apenas algumas das mentiras que eles contaram. Tudo a portas fechadas. Tudo longe de nossos olhos e ouvidos. Em segredo. Então, eles levaram todos a acreditar que nossos filhos foram embora porque nós não os queríamos, não nos importávamos com eles, não os amávamos.

Como o flautista que levava as crianças para longe de seus pais, assim fizeram os profissionais antiéticos da educação, da medicina e da saúde mental levaram nossos filhos, com a falsa promessa de uma solução para todos os seus sofrimentos. Nossos filhos marcharam felizes ao som dessa melodia, alegrando-se a cada passo mais distantel de quem realmente eram. Seu desgosto de si próprios era tão intenso que se abateu sobre eles como uma infecção. Nossos filhos foram doutrinados nesse auto-ódio por todas as mensagens colocadas em suas cabeças. Eles eram como soldados programados para a frustração, e ressentimento e um desespero desesperado; eles foram convencidos do valor de sua própria destruição. Nós sabíamos que esse não era um caminho para a felicidade. Nós sabíamos disso, porque somos suas mães.

E então amigos e familiares se juntaram à condenação, olhando-nos de lado como se dissessem: “Eu não sabia que você era tão intolerante”. Em um cabo de guerra entre querer ser mente-aberta, mas nos sentindo apreensivas, somos consideradas, por muitos, intolerantes devido à nossa relutância em ignorar nosso instinto. Um instinto que percebe o perigo para nossos filhos, que está arraigado em nossa biologia. Um instinto que diz: “Isso não está certo. Tem alguma coisa errada.” Esses amigos e familiares dizem que toda essa tristeza e confusão com certeza é nossa culpa. Eles também foram programados.

A gente grita: “Sabemos que eles ainda estão lá!”. A gente espera que eles acordem. A gente luta contra essa  sensação horrível de estar obrigada a assistir a este pesadelo vivo enquanto se sente impotentes para interromper seu ímpeto. Não esperamos, porque a esperança nos faz contemplar a dolorosa ausência dos filhos que sabemos que ainda estão lá, escondidos por dentro, afastados de nossa proteção e dos nossos conselhos. Ainda temos esperança, porque não conseguimos parar de ter. Nós sabemos coisas sobre nossos filhos que eles nem mesmo sabem a si próprios, coisas que só nós sabemos. Essa é a familiaridade de uma mãe. “Eles ainda precisam de nós! Eles são nossos filhos! ” Ninguém, ninguém pode amá-los mais do que nós. Para vê-los vivendo e ao mesmo tempo não vivendo; este é o pior tipo de tortura para uma mãe.

Nós, mães, nos conectamos através do conhecimento, da dor e do medo. Todas as diferenças são silenciadas, aceitas e ignoradas. Nada importa mais que isso. Dando as mãos, vemos a outra como a nós mesmas. Vemos através da outra. Nós nos entendemos como ninguém mais. A gente achava que estava sozinha, vagando, perturbada, até que nos encontramos e encontramos um vislumbre de esperança. Nós nos ouvimos, nos escutamos, sentamos e estamos juntas através da escuridão. Nós fuçamos e fuçamos nossos cérebros procurando os erros que cometemos. “Se pelo menos eu não tivesse permitido isso ou dito aquilo.” Lembramos umas às outras que a gente não podia ter previsto isso. Foi um ataque furtivo. Esses predadores são brilhantes, estratégicos e bem-financiados. Eles planejaram e executaram este esquema diabólico com precisão. Eles estão se aproximando de nós.

Nós fazemos um círculo e protegemos ferozmente nossos bebês como uma manada de elefantas matronas cruzando as planícies por entre leões, hienas e crocodilos. Assistimos horrorizadas quando eles capturam nossos filhos; não conseguimos desviar o olhar. Nossos corações doem tanto que é indescritível. Ficamos de braços abertos, ansiando por uma conexão, como se disséssemos: “Vamos pegar você. Nós estamos prontas. Estamos aqui esperando, aguardando você. Para sempre.”

A gente se sente traída – por todos. Eles colocaram a gente como inimiga e instrumentalizaram nossos filhos contra nós. Está escrito nas leis e nas políticas, então deve ser verdade. Políticas e projetos que são aprovados da noite para o dia, linha por linha, de modo que a gente não percebe todo o horror no que eles estão realmente tentando fazer. Eles usam essas leis para eliminar a nossa capacidade de fazer o que devemos fazer: devemos ser pais e mães de nossos filhos. Eles estão tentando tirar o nosso direito de proteger nossos filhos para atender aos seus próprios interesses, para seus próprios lucros.

Lutamos nas sombras porque fomos forçadas a isso. Queríamos gritar bem alto a injustiça de tudo isso para todo mundo que tem ouvidos e podem ouvir, mas a maioria de nós só pode sussurrar. A ameaça de perder nossos filhos de vez ou de os expô-los a perigo está sobre nós. Nós fazemos o que podemos. Não temos escolha. O risco é muito alto e então nos organizamos, lutamos, ficamos cheias de raiva e choramos, sacudimos a poeira e lutamos ainda mais. Trabalhamos febrilmente em nossos projetos para expor o que realmente está acontecendo. Nada mobilizará mais uma mãe do que uma ameaça ao seu filho. Muitas de nós fazemos isso em segredo. De pouquinho em pouquinho, fazemos o que podemos. Nós somos o exército secreto. Nós revidamos. Nós somos as mães.

Vamos ajudar a mudar a maré. À medida que mais crianças e famílias são afetadas, nosso exército de mães cresce. Damos as boas-vindas a cada nova membra ao mesmo tempo em que expressamos nossa simpatia por elas terem se tornado parte deste pesadelo ambulante. Nós damos as mãos aos pais e muitos outros corajosos que estão nesta luta por suas próprias razões igualmente válidas, a luta pelas vidas de nossos filhos, a luta pela realidade de nosso sexo e a importância do que isso significa.

Agora que a conhecemos esses predadores, ensinamos aos outros sobre eles. Nos alegramos por aqueles que conseguem manter seus filhos protegidos das garras do predador. Crescemos em número, ficamos mais sábias e agimos. Juntas, somos uma força poderosa e uma oposição formidável. Temos a determinação, força e amor como nossas mães irmãs, as elefantas, que brilhante e tenazmente se unem no objetivo comum de salvar seus bebês. Não há instinto mais forte e nenhuma motivação é mais poderosa do que o de proteger nossos filhos. Nós somos as mães. É para isso que fomos feitas. Não seremos apagadas e nunca iremos desistir. Nunca.