Caros e caras,

a leitora Bianca Chiesa nos enviou a tradução de um artigo que você precisa enviar às famílias atendidas nos ambulatórios de “identidade de gênero” do país. Esse artigo esmiuça o estudo feito com os meninos e meninas levados ao ambulatório de “identidade de gênero” britânico Tavistock e que receberam hormônios sintéticos bloqueadores de puberdade – ou seja, que estão na mesma situação dos brasileirinhos e brasileirinhas levados aos ambulatórios como os do Hospital das Clínicas de São Paulo e do Rio Grande do Sul.

Veja só, conforme atesta esta matéria da BBC de 11 de dezembro de 2020, os médicos iniciaram o estudo em 2011 e só o publicaram em uma revista científica nove anos depois, em 2020. Só depois que os resultados negativos haviam sido descobertos por uma campanha similar à nossa, a Transgender Trend e da comoção pública gerada pela ação contra o sistema público de saúde movida pela destransicionada Keira Bell.

O texto introdutório de Bianca foi ligeiramente editado e o artigo original em inglês pode ser lido aqui.

Pergunto: como estará a saúde física e mental dos pacientes castrados quimicamente pelos médicos do nosso país? Onde estão os resultados concretos? Como está a saúde física e mental deles?

Seja você a voz destes pequenos, pequenas e jovens. Conscientize as pessoas que você conhece sobre a importância de questionar o discurso “trans”, em especial as intervenções físicas em menores de idade. Ambulatórios de “identidade de gênero” são as lobotomias do século 21.

Abraços e até a próxima.

Eugênia Rodrigues

Jornalista

Porta-voz da campanha No Corpo Certo

www.nocorpocerto.com

 

O que revelou o estudo feito com crianças e adolescentes atendidos em ambulatórios de “identidade de gênero” e que receberam hormônios bloqueadores de puberdade no Reino Unido?

 

Observação

A matéria sobre bloqueadores da puberdade é cheia de termos técnicos e metodológicos bem chatinhos, então vou mastigar o conteúdo dela de uma maneira mais simples.

A Tavistock é um ambulatório na Inglaterra que é o único público que trata crianças e adolescentes para “problemas de gênero”. Essa clínica desenvolveu um estudo entre 2010 e 2014 para embasar sua decisão de dar a estas crianças e adolescentes hormônios bloqueadores da puberdade. Acontece que o estudo OMITIU TODOS os RESULTADOS NEGATIVOS preliminares e escolheu publicar apenas UM ÚNICO resultado supostamente positivo, mas que, na verdade, é totalmente INCONCLUSIVO!

A pesquisa preliminar mostrou que, sob o efeito dos bloqueadores da puberdade, as meninas tiveram aumento significativo nos problemas comportamentais e emocionais e na insatisfação com seu corpo, que houve diminuição significativa no bem-estar das crianças em geral e que, depois de um ano sob efeito dos hormônios, as crianças tentaram SE MACHUCAR ou se MATAR MAIS VEZES. Ou seja, os BLOQUEADORES DA PUBERDADE EXACERBARAM A DISFORIA.

Além disso, há uma série de questões que o estudo não se preocupou em responder, tais como: de qual maneira a interrupção da puberdade afetaria o desenvolvimento cerebral, da altura, dos órgãos sexuais e dos ossos das crianças?

Outro ponto importante é que o estudo foi dividido em dois grupos: um grupo de crianças recebeu os bloqueadores e apoio psicológico e outro recebeu apenas apoio psicológico. Os resultados NÃO MOSTRARAM DIFERENÇAS ESTATISTICAMENTE SIGNIFICANTES entre crianças que receberam bloqueadores da puberdade e as que não receberam. Não foram encontradas evidências de que os bloqueadores da puberdade melhorem o funcionamento psicossocial de crianças/adolescentes e de que só o apoio psicológico não seja suficiente!

E tem mais: o estudo também não acompanhou as crianças a longo prazo, isto é, ninguém faz ideia dos efeitos que os bloqueadores tiveram depois que as crianças completaram 18 anos.

Mesmo assim, esse estudo cheio de furos, de resultados preliminares NEGATIVOS que NÃO FORAM PUBLICADOS NA ÉPOCA e cujo resultado publicado indica que o apoio psicológico poderia ser suficiente para tratar a disforia, foi usado como justificativa para dar bloqueadores da puberdade para várias centenas de crianças com menos de 16 anos (e em outros países). Até a publicação dele, em 2020, mais de 1.000 adolescentes entre 10 e 16 anos receberam os bloqueadores na Inglaterra e muitas outras continuarão recebendo. E só depois de muita pressão eles publicaram o estudo! 9 ANOS DEPOIS. 

Em suma, gente, crianças foram e são sendo usadas como COBAIAS HUMANAS, estão recebendo uma droga experimental, sobre a qual se sabe muito pouco e o que se sabe indica que ela é NOCIVA para o desenvolvimento das crianças. No entanto, o estudo tenta fazer parecer que a administração desses hormônios é uma boa ideia e através dessa afirmação enganosa lançou o regime de drogas na clínica de “gênero”. Pergunto: por quê?

Essa é a grande parada sobre o “movimento” transgênero. Quanto mais a gente mexe, mais m… a gente encontra.

Em tempo: sabem quem mais fez crianças de cobaias para estudos? O médico Josef Mengele nos campos de concentração nazista. E depois as nazistas somos nós que queremos proteger crianças que estão sendo sacrificadas na tentativa de legitimar identidades subjetivas de adultos.

Bianca.

 

Experiência da Tavistock com bloqueadores da puberdade: atualização

por Michael Biggs, Departamento de Sociologia, Universidade de Oxford

 

 (22 de julho de 2019)

 

A Tavistock e Portman NHS Trust iniciaram um experimento em 2011, usando o agonista do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRHa) para bloquear a puberdade em crianças com disforia de gênero. Minha investigação original para o Transgender Trend (postada em 5 de março de 2019) levantou sérias questões sobre esse experimento. Os resultados nunca foram publicados em uma revista científica. E descobri evidências não publicadas de que os resultados iniciais, após a administração dos medicamentos por um ano, eram predominantemente negativos.

Minha pesquisa foi relatada pelo Daily Telegraph. Ela está mais profundamente explicada em um capítulo do Inventing Transgender Children and Young People [Inventando Crianças e Jovens Transgêneros], editado por Michele Moore e Heather Brunskell-Evans. E apareceu na BBC Newsnight em 22 de julho.

Após minha investigação original, escrevi ao professor Russell Viner, da University College London (UCL), pesquisador principal do experimento, e à Dra. Polly Carmichael, diretora do Serviço de Desenvolvimento de Identidade de Gênero (GIDS) da Tavistock, perguntando por que eles não publicaram seus resultados. Também entrei em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa salientando que os pesquisadores falharam consistentemente em fornecer relatórios anuais de seus progressos. Outro pesquisador que estava trabalhando com a Transgender Trend enviou uma Solicitação de Liberdade de Informação para obter mais detalhes do experimento, e isso aparentemente levou o GIDS a publicar uma página da Web intitulada “Uma declaração e atualização sobre o Estudo de Intervenção Precoce da Tavistock e Portman NHS Foundation Trust” no final de Junho.  A declaração chegou a ser notada no Sunday Times em 7 de julho.

A declaração tem mais de 4.600 palavras. As primeiras 3.600 detalham as origens do experimento, enfatizando dois pontos.  Primeiro, nos anos anteriores a 2011, famílias e organizações de transgêneros como a Mermaids fizeram lobby vigoroso para diminuir a idade em que os medicamentos com GnRHa eram administrados a crianças, e a Tavistock não resistiu a essa pressão.  Segundo, os pesquisadores não puderam empregar o estudo randomizado padrão para avaliar os efeitos do bloqueio da puberdade.  Ambos os pontos têm alguma justificativa, mas nos perguntamos por que uma desculpa tão longa seria necessária se os resultados do experimento fossem favoráveis.

A Tavistock agora afirma: “O estudo foi concluído em fevereiro de 2019, quando o último paciente do estudo iniciou a próxima etapa da terapia (hormônios sexuais cruzados) aos 17 anos”. Quando o Daily Telegraph pediu ao GIDS que respondesse às minhas perguntas (antes da publicação em 6 de março), seu porta-voz não mencionou que o estudo havia acabado de terminar. Da mesma forma, em 26 de março, Viner respondeu à minha carta, afirmando: “O grupo de pacientes da pesquisa de intervenção precoce permanece em estudo, pois alguns dos últimos jovens recrutados ainda não concluíram o caminho do tratamento”. A resposta de Carmichael na mesma data também não disse nada sobre o estudo ter sido concluído em fevereiro. A página da pesquisa da GIDS ainda o descreve como “um estudo que está em andamento”.

Quando Lord Lucas gentilmente seguiu minha sugestão de fazer uma pergunta parlamentar, foi informado em 22 de maio que a Tavistock planejava publicar os dados assim que todos os jovens do estudo atingissem o estágio em que fosse tomada uma decisão clínica sobre a mudança de avanço dos supressores pubertários para os hormônios sexuais cruzados, o que o Trust esperava que ocorresse nos próximos 12 meses. A Tavistock induziu ao erro o subsecretário parlamentar do Parliamentary Department of Health and Social Care [Departamento de Saúde e Assistência Social], que respondeu à pergunta? A indicação mais antiga de que o experimento havia terminado veio do Comitê de Ética em Pesquisa do NHS, que me informou em 25 de junho que um relatório final estava sendo elaborado pelo investigador chefe, Viner. Podemos suspeitar que esse final precipitado – que aparentemente agora foi datado de fevereiro – foi forçado pelo escrutínio da Transgender Trend.

Seja quando for que o estudo tenha terminado formalmente, os pesquisadores coletam dados há oito anos. O primeiro sujeito consentiu com os medicamentos GnRHa em junho de 2011. Todos os 44 indivíduos inscritos no experimento haviam completado um ano com os medicamentos em meados de 2015, dois anos em meados de 2016 e três anos em meados de 2017. Os resultados deveriam ter sido monitorados de perto e  publicados em uma revista científica. Afinal, o GnRHa nunca foi licenciado para o tratamento da disforia de gênero, não apenas no Reino Unido, mas em qualquer lugar do mundo.

Há cinco anos, em 2014, Carmichael disse ao Mail on Sunday que o estudo demonstrou resultados favoráveis: “Agora que fizemos o estudo e os resultados até agora foram positivos, decidimos continuar com ele”. Ela até apareceu em um programa de televisão da BBC – “I Am Leo” [“Eu Sou Leo”] destinado a públicos de 6 a 12 anos – para promover os benefícios dos medicamentos GnRHa.  (Veja nossa análise do programa aqui).

A declaração da Tavistock diz muito pouco sobre os resultados do experimento. Ela cita a apresentação de Carmichael e Viner na conferência da Associação Profissional Mundial para a Saúde dos Transgêneros (WPATH) de 2014, mostrando “não houve melhora geral no humor ou no bem-estar psicológico usando medidas psicológicas padronizadas”. Essa descoberta foi apresentada em fevereiro de 2014, mas apenas quatro meses depois Carmichael afirmou “os resultados até agora foram positivos”. Não consigo encontrar slides desta apresentação de 2014, mas a apresentação de Carmichael na conferência WPATH de 2016 aparentemente recicla a mesma descoberta. Ela também reconhece que “nascidas meninas mostraram um aumento nos problemas de internalização de t0 para t1 [após 12 meses em GnRHa], conforme relatado pelos pais”. Este resultado negativo é omitido na declaração de Tavistock.

A declaração também omite dois outros resultados negativos estatisticamente significantes que eu descobri enterrados em um apêndice submetido ao Conselho de Administração da Tavistock em 2015. O  mais sério é que depois de um ano de GnRHa, “um aumento significativo foi encontrado no primeiro item “eu deliberadamente tento me machucar ou me matar”. A evidência de que um tratamento experimental aumentou o risco de auto-mutilação deveria ser uma grande preocupação, mas o GIDS nunca abordou essa descoberta. Há uma admissão em flagrante em uma apresentação feita pelo endocrinologista do GIDS, Professor Gary Butler, na conferência WPATH de 2016 (apenas o resumo está disponível). A supressão parcial [de hormônios sexuais por GnRHa] pode produzir mais efeitos colaterais devido às oscilações hormonais e também uma diminuição do humor, levando à depressão clínica. As expectativas de melhoria no funcionamento e alívio da disforia não são tão extensas quanto o previsto, e os índices psicométricos nem sempre melhoram, nem a prevalência de distúrbios como o auto-dano deliberado. A apresentação de Butler, curiosamente, não é citada na declaração da Tavistock.

A declaração da Tavistock também deixa de mencionar um artigo com coautoria de Carmichael (Costa et al. 2016), que inclui dados de alguns sujeitos do Estudo de Intervenção Precoce. Este artigo pretendia mostrar resultados benéficos do GnRHa, mas demonstrei que os autores cometeram um erro estatístico elementar. A análise não conseguiu detectar nenhuma diferença entre as crianças que receberam GnRHa e as que não receberam.

Por fim, a declaração da Tavistock cita um artigo recente sobre densidade óssea, com co-autoria de Butler (Tobin, Ting e Butler 2018).  O artigo – um resumo de uma página – enfatiza que a densidade óssea não diminuiu, em termos absolutos, após a administração de GnRHa. Isso é extremamente enganador, como apontado pelo Dr. Michael Laidlaw e reiterado pelo Dr. William J. Malone, ambos endocrinologistas. Crianças em crescimento precisam aumentar a densidade óssea para crescer. O artigo admite que as crianças tiveram um declínio em relação ao padrão normal para sua faixa etária e esse declínio foi especialmente acentuado para as meninas.  Meu gráfico mostra as distribuições implícitas nas figuras do artigo.

 

É óbvio que uma minoria substancial das meninas sob GnRHa sofria de densidade óssea anormalmente baixa.

Em suma, a declaração de Tavistock continua o triste registro de prevaricação e ofuscação que perseguiu o experimento por vários anos.  O GIDS é claramente incapaz de realizar pesquisas científicas rigorosas, talvez porque tenha sido inundado pelo aumento exponencial de cargas de casos.  Não há desculpa para o fracasso do UCL’s Institute of Child Health [Instituto de Saúde Infantil da UCL], o principal patrocinador do experimento. Nenhuma organização pode ser confiável para analisar objetivamente o experimento de 2011.

Exigimos que uma equipe de pesquisadores independentes tenha acesso a todos os dados do experimento. Eles precisarão de conhecimentos em estatística, psiquiatria e endocrinologia; o mais importante é que eles não devem ter nenhum interesse na promoção de medicamentos com GnRHa. Como esse estudo é utilizado desde 2014 para justificar o fornecimento desses medicamentos a crianças pelo NHS, os resultados desse experimento – em todas as medidas físicas, psicológicas e comportamentais coletadas – devem ser publicados com urgência.

Nosso próximo post examinará em detalhes o processo realizado pelo GIDS para obter aprovação ética para este estudo.