Por Eugenia Rodrigues

Jornalista e porta-voz da campanha No Corpo Certo

Queridos leitores e queridas leitoras,

é com alegria que informo a vocês que representarei a No Corpo Certo em dois webinars internacionais. Mais dois, depois da emocionante experiência do “Can I Get a Witness?”! Ambos acontecerão a convite de uma organização chamada WHRC – Women´s Human Rights Campaign ou Campanha pelos Direitos Humanos das Mulheres, que se espalhou por vários países, inclusive o Brasil. O convite se dá em virtude de o artigo nono da Declaração pedir, assim como a nossa campanha, o fim das intervenções médicas nos corpos de meninos e meninas. 

O primeiro webinar será neste sábado, dia 27 de fevereiro, ao meio-dia de Brasília, e o tema é “´Transing´ kids” (“´Transicionando´ crianças”). O título da minha fala será “A invenção da ´criança trans´ no Brasil” e as convidadas são:

  • Stephanie Davies-Arai, fundadora do Transgender Trend, no Reino Unido
  • Hrafnhildur Hjaltadottir, médica e feminista, Islândia
  • Stéphane Mitchell, co-fundadora de um grupo de pais, Suíça
  • Eugenia Rodrigues, representando “No Corpo Certo” (“In The Right Body”), Brasil
  • Tina Traster, jornalista, escritora e documentarista, Estados Unidos

Se você segue a gente no Youtube, deve lembrar da Stephanie Davis-Arai; a gente já traduziu vídeos dela (parte 1 e parte 2) e eu a indico como referência desde os primórdios do nosso canal.

Inscrição: a organização solicita que mulheres se inscrevam para assistir ao webinar ao vivo e que os homens apoiadores assistam depois, no canal da WHRC no Youtube

O segundo webinar acontece no dia 20 de março, também sábado, às 11 horas de Brasília e irá até as 13h, também de Brasília. Minha fala ocorre dentro do evento NGO CSW65 e tem como título: “Por que intervenções médicas baseadas em ´identidade de gênero´ violam o Princípio do Melhor Interesse das crianças e adolescentes”.

Inscrição: depois que você fizer um perfil no evento NGO CSW65 (é grátis), inscreva-se no evento da WHRC neste link(tanto homens quanto mulheres podem assistir ao vivo)

Amados e amadas, sei que muitos de vocês não falam inglês. Mas se puderem se inscrever e convidar mais gente, quem sabe não chega em quem fala? E que pode talvez passar para você um resumo do que foi dito? De qualquer forma, se você não puder comparecer, saiba que o cerne destas falas estará em futuros artigos para o nosso site. Nós não sabemos até quando o Zoom permitirá que nós e outras pessoas críticas à ideologia da “identidade de gênero” utilizem sua plataforma: veja o print abaixo, de uma mensagem enviada pela empresa a uma conhecida usuária:

Eu e muitos outros, talvez até você, já recebemos avisos como esse outras vezes. No meu caso, desde 2013 – e é por isso que não fiz uma nova página no Facebook para a No Corpo Certo depois que a nossa foi derrubada; não duraria muito tempo. Pois então: agora, além do Facebook, Twitter, Instagram, Amazon, Youtube e CrowdJustice é a vez do Zoom censurar os “hereges” que se recusam a aderir à crença no dogma da “identidade de gênero”. Desta vez, o aviso foi recebido por Kellie Jean Minshull, a militante britânica conhecida como Posie Parker e que tem um famoso canal no Youtube, cujo melhor vídeo, penso eu, é aquele em que ela destrói cada fala da presidenta de uma organização de “famílias de ´crianças trans´”. O fato foi denunciado no site do Graham Linehan, de onde retiramos o print acima. “Glinner”, como é seu apelido, é um comediante britânico que por se posicionar sobre as políticas “trans” foi permanentemente banido do Twitter. Repare que o Zoom não listou, entre as categorias protegidas, o sexo biológico; você não tem mais sexo, só “gênero” e “identidade de gênero”… Cada vez mais, o termo “gênero” se volta contra a população; cada vez mais, se faz premente a necessidade de colocarmos na lei, em todos os países, o que são, realmente, homens e meninos, mulheres e meninas, com base no sexo biológico.   

Além de configurar uma óbvia censura à liberdade de expressão de Posie, dona-de-casa e mãe de quatro filhos, isso também prejudica o direito à educação de suas crias, pois essa plataforma é hoje indispensável em muitas escolas. Você pode questionar o Zoom no e-mail [email protected] . Mas o ideal mesmo seria você perguntar aos parlamentares eleitos para o Congresso brasileiro o que eles estão fazendo para garantir os seus direitos diante das políticas “trans”, sobretudo depois da decisão do STF que criminalizou supostas discriminações por “identidade de gênero” e do projeto de lei nº 7582/2014, que punirá “crimes de ódio e intolerância”. Você está em risco, conforme já explicamos no nosso canal, de ir para a prisão se disser, simplesmente, que não tem nada de errado no corpo do seu filho, do seu sobrinho, do seu aluno, do seu paciente e que portanto nenhum médico deveria hormonizá-lo e muito menos decepar partes saudáveis do seu corpo.

E é por isso que, além de convidar você para estes dois eventos, eu gostaria que tivéssemos dois dedos de prosa sobre o programa Big Brother Brasil, edição 2021. Eu não assisto ao programa (nada contra quem assiste, é que sou a “viciada em Netflix”), mas, acompanhando a repercussão, percebo algo muito curioso que já vinha se delineando no ano passado no Brasil e no mundo: as próprias pessoas que promoveram a “militância do lacre” (tradução minha para a “militância woke” norte-americana) no país estão indignadas com a “lacração” (“wokeness”) do programa. Os mesmos que “cancelaram” pessoas indiscriminadamente ao longo desses anos reclamam da cultura do “cancelamento”; aqueles que há anos usam as redes sociais para expor, perseguir, difamar, agredir e ameaçar a nós e nossos leitores e leitoras (inclusive com a conivência dos partidos aos quais alguns são filiados, como é o caso do PSOL) se afirmam ofendidíssimos com as falas de certos participantes do programa. Os que exigem acolhimento para os erros de alguns já obrigaram mais de uma mulher brasileira a sair de sua própria cidade; mulheres que não haviam cometido erro algum. Os que gritam que mencionar biologia básica os estaria “matando” estão matando de verdade e seus crimes imputados a mulheres, como é o caso de um rapaz acusado de matar o namorado cujos jornais o identificaram apenas como “uma mulher chamada Erika”.

Desculpem, mas isso é de um cinismo atroz. Como um Narciso confuso, “lacradores” vêem seu reflexo no lago, mas não se reconhecem nele. Ou, talvez, se reconheçam e isso os aflige tanto que só lhes resta fingir que é outra pessoa ali. A cultura do “cancelamento” engloba coisas muito diferentes entre si mas que a Humanidade conhece há milênios: censura, intolerância, autoritarismo, narcisismo, ausência de argumentos, imaturidade, sintomas de questões psíquicas e psiquiátricas graves e violência contra aqueles que, tão-somente, dizem a verdade.

Um exemplo: vejam este gráfico, retirado deste artigo. Ele mostra um aumento de 3.900% (sim, três mil e novecentos por cento) de crianças e jovens submetidos a hormonização na Austrália desde 2014 (nós não usamos o eufemismo “terapia hormonal” porque isso não é “terapia”).

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Em quantos veículos você viu esse gráfico? Ou, o que seria o ideal, quantos veículos fizeram algo similar mostrando o que está acontecendo no Brasil desde 2013, quando o Conselho Federal de Medicina autorizou médicos a hormonizarem menores de 18 anos? Os ambulatórios de “identidade de gênero” são pagos com dinheiro público; esses dados são públicos… Onde está o jornalismo investigativo? Você nunca viveu numa era de tanta censura – e é justamente porque temos a impressão de que temos acesso a toda a informação do mundo é que essa censura é mais perigosa. Você entende por que eles tentam nos calar? A quem interessa a cultura do “cancelamento”?

Falemos. Falemos, enquanto podemos. Convide amigos e amigas para assinar nosso site, baixe nossos vídeos no Youtube, entrem no nosso Telegram. E, se um dia até mesmo a internet me for cortada, pode ter certeza que me encontrará pelas ruas do Rio distribuindo panfletos. Enquanto estiver viva, eles nunca irão me silenciar. Eu nunca vou parar de denunciar o que eles estão fazendo com os corpos dos nossos meninos e meninas.

Um grande abraço e aguardo vocês lá.

Eugênia