Caros e caras,
recebi um depoimento de uma moça, a qual conheci pessoalmente anos atrás, e que estuda na Uni-Rio. É muito importante que a voz delas reverbere publicamente e que fique claro que a maioria das mulheres – ao contrário das que estão no topo e dizem nos representar – querem, sim, banheiros separados por sexo. Estes depoimentos, você não verá no Globo, UOL, Carta Capital e nenhum outro veículo conhecido.
Antes, e reforçando a fala desta jovem, aproveito para informar que saiu o segundo vídeo da Frente pela Ampla Proteção dos Espaços de Mulheres e Crianças. Veja:
Assista, espalhe e convide para assinar a Ideia Legislativa para proteger estes espaços. Nós já fizemos a nossa parte; aproveite para ajudar a nossa publicação no Instagram a aparecer para mais gente dando um like e colocando um comentário.
Ah! Aproveito para reforçar o convite para o talk show do qual participaremos no dia 28 de outubro, o Encontro Parental. Inscreva-se neste link.
Abraços e até a próxima.
Eugênia
As mulheres estão em estado de alerta nas universidades
Sou mulher e estudante da UniRio. Tenho percebido na instituição a situação que está avessa aos direitos das mulheres, então escrevo e compartilho as fotos que tiramos.
Temos aulas com professores que falam “todos/as/es”, “caros/as/es alunos/as/es”. Mas, no decorrer das aulas, utilizam o masculino-feminino como qualquer de nós utilizamos. Entendo isso como uma espécie de coação para um suposto “acolhimento” do qual algumas de nós não consegue escapar e se torna cíclico. Isso ocorre apesar de alguns professores e professoras discorrerem sobre o contexto da sociedade capitalista-patriarcal; assim, creio que esse “acolhimento” é superficial e hipócrita.
Se conseguimos avaliar e dizer que a Universidade é uma instituição de História racista e elitista, como não podemos perceber o quanto a Universidade é e se reinventa em ser uma instituição misógina? Além dos elevados casos de assédio na Unirio, e de bem recentemente ter sido demitido um docente do sexo masculino por esse motivo, creio que seu corpo acadêmico precisa colocar a mão na consciência também quando se trata da atual onda de apagamento das mulheres. Insisto: parte relevante do corpo docente é adepto da linguagem “neutra”, como aplicam “todes” em eventos oficiais.
Os banheiros do prédio do Centro de Ciências Humanas e Sociais normalmente são distribuídos entre masculinos e femininos nos andares superiores, sendo o banheiro feminino do térreo, atualmente, destinado ao “acolhimento” de “todas as usuárias”. Como está escrito nele, isso ocorreu em algum momento após discussões de uma turma de Ciências Naturais na Educação, do curso de Pedagogia. Faço um parênteses: não há nada de “acolhedor” no banheiro, é só um banheiro em extremo estado de degradação. Ao lado deste, o masculino, aparentemente preservado e reservado aos homens:
Ao lado, fica o auditório, além de uma máquina de café e um bebedouro, como um tipo de lobby. Por ser mais acessível, este banheiro feminino é muito utilizado pelas mulheres. E apesar de eu o ter utilizado uma vez com mais duas amigas, justamente porque tínhamos pressa, não me arrisco a encontrar homens lá. Todos os banheiros são muito precários, algumas cabines não possuem portas ou as portas não travam e no lavatório faltam algumas pias, como correntemente há falta de água ou vazamentos. De toda forma, em qualquer dos banheiros femininos, me mantenho alerta e temerosa.
As alunas da UFRJ também estão sofrendo com o mesmo problema. Eu fotografei o banheiro abaixo meses atrás. Ele está localizado no Campus Praia Vermelha – Prédio do Curso de Serviço Social:
O Centro Acadêmico, o DCE, a UNE e o ANDES são publicamente trans-aliados/negacionistas de sexo, como alguns são ativistas de cotas para “pessoas trans” nas Universidades. Uma nova eleição para gestão do DCE está prevista.
Como também fui à biblioteca do Parque Lage este ano, gostaria de registrar minha sensação de insegurança e revolta em possivelmente compartilhar o banheiro feminino com um homem. Eu fui estudar e só havia essa opção de banheiro para mim. Parece que é o que nos sobra. Frustrante.
A minha impressão é que “neutralizar”, tanto a linguagem quanto os espaços das mulheres, não significa o que se propõe: incluir ou acolher, mas coincide claramente com o nosso apagamento; primeiro porque o masculino se mantém sendo exclusivamente masculino, e depois porque nos desarticula enquanto classe feminina, enfraquecendo nossa consciência social e nos mantendo em lugar de vulnerabilidade sob o patriarcado.
A mostra da misoginia institucionalizada ocorre dessa forma, apesar do amplo reconhecimento de que históricamente e estruturalmente vivemos uma sociedade baseada em raça, classe e sexo. Então minha pergunta final é: Se as Universidades não se posicionam de maneira crítica a tais políticas, que vulnerabilizam mulheres, qual será seu papel na transformação social efetiva? Há que se perguntar a quem e como impactam as políticas de autodeclaração, numa sociedade cuja marca é a #violênciamasculina.