Carta da Eugênia

 

Olá, leitor ou leitora. O artigo que traduzimos foi publicado pelo Washington Examiner pelo jovem Steven Richards, cujo perfil no Twitter pode ser seguido aqui. Vale a pena segui-lo, também, em seu Substack , cujo nome é significativo: “Cut Down Tree” ou “Árvore Cortada”.

Me senti inclinada a traduzir mais coisas que ele escreveu. Além de ter, claro, um olhar único de quem esteve dentro dessa nova tribo urbana, Steve tem uma ótima redação e bons insights. Lamento profundamente que ele esteja iniciando sua vida adulta permanentemente mutilado e que, infelizmente, muitos outros meninos e meninas também começarão a vida dessa forma, enquanto a sociedade continuar fingindo para eles que seres humanos, os quais, todos sabemos, não mudam de sexo, poderiam “ser trans”.

Em breve, teremos um vídeo muito tocante sobre destransição no nosso canal no Youtube. Você já segue a gente por lá? Poderia dar like em um ou mais vídeos e espalhar? Significaria muito para nós. O Youtube, assim como as outras redes sociais e o Google, não estão ao lado de quem questiona essa ideologia. Quanto mais likes, maior a chance deo vídeo aparecer para uma família ou jovem que esteja procurando por esse assunto. 

Abraços e até o próximo texto.

 

Eugênia Rodrigues.

Jornalista

Porta-voz da campanha No Corpo Certo

 

Como eu fui enganado pela ideologia de gênero

 

Eu me tornei um transexual de homem para mulher (1) quando eu tinha apenas 15 anos de idade. O bullying na escola, a instabilidade em casa e a falta de amigos íntimos fizeram com que eu procurasse um lugar para pertencer e o movimento trans me proporcionou um lugar feliz – às custas da minha saúde e sanidade. Viver como uma mulher trans (2) me deixou delirante, paranóico e doente. Apesar disso, permaneci trans por oito anos. A natureza do movimento trans torna quase impossível a fuga e empurra as pessoas dentro dele para adotar crenças radicais e prejudicar irreversivelmente a si mesmas.

Minha nova identidade me trouxe amigos, mentores e um propósito na vida. Passei de um adolescente solitário e inseguro a um membro de uma comunidade amorosa engajada em uma batalha heróica contra uma sociedade maligna que desejava a minha destruição. As narrativas de opressão da esquerda (3) foram divulgadas on-line e em grupos locais de “jovens queers” dirigidos por membros adultos do movimento lançaram os “cis” (4) como vilões. A “transição” era um ritual batismal no qual eu seria limpo de minha natureza perversa como um opressor “cis masculino” e renascido como uma pessoa virtuosa “marginalizada” com um novo nome e corpo.

Os trans adultos me ensinaram on-line como convencer meus pais, médicos e terapeutas de que eu estava sofrendo de disforia de gênero. O termo, supostamente, se refere a uma incongruência entre o corpo sexual e o senso interno de gênero (5), mas é usado entre as pessoas trans como um termo coringa para qualquer emoção negativa. É uma narrativa atraente para adolescentes vulneráveis que estão lutando com seus corpos em desenvolvimento, sexualidades e as iminentes responsabilidades da vida adulta.

Pouco depois de completar 15 anos, comecei a tomar o Lupron, um medicamento para quimioterapia que é usado, off label (6), para deter a puberdade em adolescentes disfóricos de gênero. Aos 16 anos, comecei a tomar estrogênio sintético.

Quando expressei dúvidas, fui tranquilizado no sentido de que todas as pessoas trans às vezes sentem que não são realmente trans e que a felicidade me esperava no final da fila se eu simplesmente continuasse. Me agarrando a esta fantasia de um futuro feliz onde minha transição seria “completa”, preferi ignorar que a medicação me fez sentir pior, não melhor. Eu não conseguia pensar claramente. Comecei a faltar à escola. Desenvolvi enxaquecas crônicas. Meus ossos doíam. Fiquei suicida. Mal consegui obter créditos suficientes para me formar no colegial.

A comunidade explicou estes resultados negativos do tratamento como manifestações de disforia de gênero e estresse das minorias. A piora da minha saúde não teria nada a ver com a minha rejeição ao meu corpo e identidade ou com os medicamentos experimentais que eu estava tomando – era tudo culpa da sociedade transfóbica que me tiranizou. Com esta narrativa, a comunidade cultiva o medo do mundo exterior em seus membros. Eu via qualquer um que questionasse minha transição ou expressasse preocupação por mim como um fanático e o descartava logo de cara. Meus pais aprenderam a escolher cuidadosamente suas palavras para não me provocar. Desenvolvi uma resposta de pânico ao ouvir alguém expressar opiniões que eram consideradas “problemáticas”. Eu suspeitava que todo mundo que passava na rua queria me ver morto por eu ser transgênero.

Aos 19 anos, a ilusão se tornou insustentável. Eu me sentia péssimo e estava cada vez pior. No entanto, interromper minha transição significaria masculinizar meu corpo e essa ideia me aterrorizava. Eu não queria me tornar um dos monstruosos “homens cis” que tanto temia, ou perder meus amigos e meu propósito. Talvez, eu tenha racionalizado, não era que minha transição não estivesse funcionando – eu simplesmente não tinha ido longe o suficiente.

Esperando que fosse aliviar o meu sofrimento, fui ao meu médico e disse que queria uma orquiectomia – ter meus testículos removidos. Eu precisava de duas cartas de especialistas para ter o procedimento coberto pelo plano de saúde. Minha médica escreveu uma imediatamente. Ela então me encaminhou a um psiquiatra associado à clínica dela que escreveu a outra carta depois de uma única consulta. Em poucos meses, eu tinha sido castrado. Mas a euforia que tinham me prometido não se materializou. Me mutilar não tinha me tornado inteiro – só tinha me mutilado. Dois anos depois da minha orquiectomia, eu me encontrava na mesma situação de antes: Ou eu admitia que a transição nunca iria me consertar, ou eu podia partir para outra cirurgia e esperar que, desta vez, seria suficiente. Não consegui fazer com que eu acreditasse na mentira de novo.

Aceitar o que perdi foi a coisa mais difícil que eu já fiz. Decidir pela destransição me custou muitos amigos íntimos e me forçou a reconstruir minha vida inteira. Para alguns membros do movimento – aqueles que perderam os laços com sua família, que dependem da comunidade para alimentação e moradia – a destransição não é uma opção. Muitos deles ainda vivem no mundo miserável do qual escapei, esperando que o próximo passo em sua transição – um novo nome, um novo conjunto de pronomes, mais um ano de hormônios, outra cirurgia – lhes traga a felicidade que lhes foi prometida. Mas, como aprendi, isso nunca acontece.

 

(Steven A. Richards destransicionou após viver como uma mulher transgênero (7) por oito anos. Ele escreve sobre o movimento trans em seu Substack”).

 

Notas da campanha No Corpo Certo

 

  1. Sendo o sexo biológico imutável, não existe “de homem para mulher”, “de mulher para homem” etc.
  2. Meninos não podem “viver como meninas” e nem homem como mulheres e a mesma coisa vale para garotas e adultas que ambicionam “viver como garotos” ou como “homens trans”. A única maneira de viver como uma mulher é sendo uma e o mesmo vale para homens.
  3. Embora as políticas “trans” tenham se lançado, em muitos países, como parte da  agenda de partidos ditos progressistas, também é verdade que muitas pessoas progressistas a rejeitam. Por outro lado, também há transativistas nos partidos conservadores, ainda que, no Brasil, os desses partidos sejam em regra sejam menos conhecidos.
  4. “Cis” é a abreviatura de “cisgênero”, algo que não existe. Trata-se de linguagem fantasiosa, um termo inventado para rotular a nós, mulheres e homens que reconhecemos a realidade material (ironicamente, por gente que diz que “não quer saber de rótulos”). Muitos ativistas o usam para impor que somos “privilegiados” porque “estamos confortáveis com nossos corpos”, o que é risível – quantas pessoas, sobretudo mulheres, estariam realmente satisfeitas com o próprio corpo? Impõem inclusive que somos “opressores” dos que se autodeclaram “trans”. Rejeitamos radicalmente esse termo e reafirmamos que a sociedade não precisa de uma palavra para quem reconhece a realidade do sexo, assim como não precisamos de um termo para quem aceita a sua própria raça ou a própria idade.
  5. “Senso interno de gênero” é uma expressão que não faz sentido. Como alguém “sente um gênero”? Sente estereótipos, como vestidos ou cabelos longos?
  6. Uso off-label é a utilização para uma finalidade que não consta da bula dos medicamentos. Ele não é proibido, mas deve ser usado com moderação para casos em que seja absolutamente necessário. E certamente não é necessário para uma criança ou adolescente ter sua maturidade corporal paralisada. Aliás, pense bem sobre a quem interessa que adolescentes tenham corpo de criança.
  7. Não existem “mulheres transgênero”. Existe um só tipo de mulher, que são os seres humanos do sexo feminino. Idem em relação a “homens transgênero”. Homens são seres humanos do sexo masculino e só existe essa espécie de homem.