Neste mês de setembro, em que tantos e tantas se voltam para as próximas eleições, três notícias referentes ao impacto das políticas “trans” e “queer” na educação chegaram ao  conhecimento da No Corpo Certo. As três tiveram pouca ou nenhuma repercussão na imprensa tradicional e “alternativa” e são protagonizadas por uma professora, uma estudante (ambas residentes no Brasil) e um professor que mora no Canadá.

(Fonte. #pratodosverem : um homem de legging e tênis preto segurando uma sacola. Ele usa uma blusa cor-de-rosa justa e seios falsos ou um implante gigante).

 

A professora se chama Amanda Tabarelli e leciona biologia em Ribeirão Pires, Estado de São Paulo, na escola Ruth Neves Sant´Anna. Conforme denunciou em seu perfil no Instagram (neste momento, fechado), ela está sendo perseguida desde que uma aluna, que sequer se autodeclara “trans” e escutou uma conversa de Amanda com outra estudante. “Eu disse que, na natureza, os seres nascem machos e fêmeas. Só isso, mas uma aluna se sentiu ofendida e me acusou de preconceituosa. A mãe dela foi até a escola dizendo que eu deveria me retratar, mas retratar do quê? O que sei é que levaram isso para o Comads (Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual) e passei a ser atacada”, relatou ela ao jornal Repórter Diário. Considerando que o sexo biológico existe, Amanda está sendo atacada por, simplesmente, dizer a verdade, uma verdade que, até cerca de dez anos atrás, era consenso entre 10 em cada 10 adultos. Você pode prestar solidariedade à profissional de educação no post que o jornal fez no Instagram – e, se reside no Estado de São Paulo, lembre-se que foi esse o Estado que inventou a “criança trans” no Brasil e praticou, em ambulatórios de “identidade de gênero” públicos, as primeiras mutilações hormonais em menores de idade no país.

A aluna se chama… então, eu não posso dizer o nome dela. Como outras universitárias que buscam preservar, não só sua carreira acadêmica e futuro profissional, mas sua segurança física e mental, ela pediu para não ser identificada nominalmente neste artigo e sim que eu a citasse, apenas,  como uma estudante da Universidade de Brasília. A jovem foi uma das poucas a, corajosamente, comparecer à reunião virtual convocada pela Secretaria de Direitos Humanos dessa instituição no dia 15 de setembro na plataforma Teams para discutir a implantação de banheiros “neutros”, tendo feito uma excelente preleção sobre os dados de violência masculina sobre mulheres nos campi dessa instituição. Eu e outras mulheres também estivemos  presentes e expressamos nossa revolta, algumas no chat, outras no vídeo, e em minha fala, ao final da reunião, pontuei que os direitos de meninas e mulheres incluem espaços separados por sexo, que somos seres humanos do sexo feminino e lutaremos até o fim por nós e pelas nossas meninas.

Foi dito ao final da reunião que seria criado um Grupo de Trabalho com a participação da comunidade da UnB, GT esse para o qual a nossa valente estudante se candidatou. Contudo, nesta semana, o perfil “Eu, Estudante” publicou no Instagram um post (print abaixo) onde se lê: “A Universidade de Brasília (UnB) irá implementar três unidades piloto de banheiro neutro no Câmpus Darcy Ribeiro. A medida foi acatada pela Câmara de Direitos Humanos da instituição, durante a primeira reunião realizada presencialmente no salão de Atos da reitoria, na segunda-feira (19). A nova modalidade — já adotada por outras instituições federais de ensino superior — será implementada em 25 de outubro, quando se inicia o novo semestre. Crédito: Kaus Antônio Miranda”. “Kaus”, do sexo feminino mas que se autopercebe como “homem trans não-binário” é um dos indivíduos que requereram o “banheiro neutro”. Junto do texto, foi publicada uma imagem desconexa confundindo sexo e “gênero” e que usa certas ideias e práticas advindas de culturas não-brancas para legitimar a ideia, falsa, de que existiriam seres humanos para além do “binário” homem e mulher (e não, não existem). Finalmente, registro que, embora tantas candidatas e candidatos, de todos os espectros políticos, bem como militantes e acadêmicos, garantam falar em nosso nome e nos usem para obter votos, financiamentos e projeção, raríssimas foram as organizações de mulheres que se posicionaram publicamente em favor de nós; uma delas foi a Women’s Declaration International Brasil através desta carta e outra foi a Coletiva Soma, com quem realizei esta live.

(Fonte. #pratodosverem: um print do post citado acima).

O terceiro e último protagonista é um professor que utiliza o nome de “Kayla Lemieux” e que leciona na escola Oakville Trafalgar, em Oakville, Estado de Ontário, no Canadá. Ele é um homem que, neste ano, começou a se autodeclarar “uma mulher trans” e, como consequência de sua percepção sobre o que seria esse “ser mulher”, começou a dar aulas usando shorts curtos, peruca loira e o que parecem ser implantes mamários ou seios postiços gigantescos. Obviamente, o professor se tornou o centro das atenções na escola, o que certamente deve deleitá-lo. Ele foi filmado pelos próprios estudantes (outro link sobre o fato aqui) no que parece ser uma aula de trabalhos manuais e o vídeo viralizou. Em uma das respostas a esta outra thread, uma usuária escreveu: “Isso é claramente uma demonstração de fetichismo na frente das crianças”; outro perfil, se identificando como de um estudante do lugar, desabafou (print abaixo): “Os alunos aqui, na maioria, não acham que isso é normal… mas sendo realistas, não podemos falar nada. No ano passado esse professor era um homem e eu acho que a escola não pode demiti-lo”. 

Image

(Fonte. #pratodoslerem: print do citado tuíte do aluno, em inglês, com imagens do funcionário).

 

Um órgão educacional local confirmou que o homem é professor da instituição, mas se recusou a fornecer seu nome; felizmente, as mulheres da mídia independente feminina Reduxx descobriram que se tratava de “Kayla”.  De acordo com o jornal Toronto Sun, há alunos fugindo das aulas com o cidadão, mas a diretora do colégio declarou que a prioridade égarantir “um plano de segurança” “para ela”.

Image

(Fonte. #pratodoslerem: imagem de um homem branco com short preto, blusa roxa e seios falsos ou implantes gigantes. Ele usa uma peruca loira, batom e unhas pintadas de vermelho).

 

Parodiando a famosa peça de Pirandello, temos aqui três personagens que estão, não em busca de um autor, mas de uma ação efetiva nossa para que solucionemos os problemas criados pelas políticas “trans” e “queer” na educação, seja a oferecida em escolas, seja a dada em universidades. Cabe a nós, enquanto seres humanos pensantes, pensar – e com urgência. Mesmo que os “especialistas” em “gênero”, “diversidade e inclusão”, “transexualidade infantil” e “direitos LGBTQ” tentem nos queiram fazer crer que esse pensamento caiba exclusivamente a eles, que nós não temos (in) formação suficiente. Mesmo que nós não dominemos os jargões de “gênero” que eles mesmos inventaram. Todas as pessoas adultas sabem o que são homens e mulheres (até alguns animais também diferenciar ambos), ainda que um considerável número de habitantes do planeta esteja fingindo que não sabe ou fugindo da resposta, como quase todas as candidatas ouvidas pelo perfil “Elas Definem”.

Images of a transgender Oakville Trafalgar High School teacher have caused a stir on social media.

(Fonte. #pratodosverem: homem de peruca loira, batom vermelho, short preto, blusa preta e branca e implantes ou seios falsos gigantes).

Sei que pensar com clareza e honestidade sobre o que está acontecendo pode ser difícil e soar “fóbico” e “intolerante”. Nos últimos anos, vimos um processo rápido de mudança de currículos e paradigmas, com a adoção de determinados autores (Judith Butler, Beatriz Preciado), correntes de pensamento (Teoria Queer), ideias vagas e  contraditórias (“gênero”, “identidade de gênero”, “expressão de gênero”, “transexualidade”), interpretações questionáveis de autores que já faleceram e não podem reclamar (como dizer que a famosa frase de Simone de Beauvoir, “não se nasce mulher, torna-se”, seria uma legitimação da ideia de que homens poderiam se tornar mulheres) e, finalmente, a adoção a jato de diretrizes médicas formuladas, justamente, por profissionais que lucram com esta indústria. Vimos também a captura de instituições como partidos políticos, conselhos e associações de classe de médicos, psicólogos e advogados, órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensorias e movimentos sociais. E vemos um bombardeio diário na mídia sobre uma categoria especial de pessoas, “as pessoas trans”, categoria essa que, dada a imutabilidade do sexo, precisa ser reconhecida como inexistente ou, no máximo, como impossível de definir objetivamente.

Por mais que seja difícil admitirmos, a verdade é que a única solução possível, que já pontuei tanto em materiais da nossa campanha quanto na própria fala que fiz ao final da citada reunião organizada pela UnB, é dizer a verdade. Precisamos nos agarrar à realidade do sexo como um náufrago a uma tábua e a reafirmarmos com coragem. Uma escola e uma universidade minimamente funcionais, uma sociedade minimamente funcional depende da definição de homens e mulheres baseada no sexo; nossos direitos dependem disso. Ao contrário do que advogados “especializados em direitos LGBT” propagandeiam, as políticas “trans” são radicalmente diferente das “LGB”, que na origem diziam respeito, apenas, ao reconhecimento do direito à orientação sexual. Políticas “trans” configuram um processo de retirada de direitos já estabelecidos e não poderiam, de forma alguma, ter sido legitimadas. Não é possível coexistirem direitos baseados em sexo com as demandas, que lamentavelmente também conseguiram alcançar o status de direitos, que se baseiam no apagamento do sexo e ou na sua substituição pelo vago termo “gênero”. Qualquer pessoa que diga que essa coexistência seria possível está propagandeando uma mentira perigosa e não interessa se essa mentira vem de uma bem-intencionada vontade de “incluir” a todos e todas (“e todes”, rs), do medo de sofrer retaliações ou a fim garantir vantagens pessoais. Ou garantimos o direito à liberdade de expressão, de cátedra e de trabalho de professores (as) ou os obrigamos a mentir e, consequentemente, prejudicamos também o direito de alunos e alunas à educação, pois faz parte da educação escolar aprender as diferenças entre homens e mulheres. Ou garantimos a manutenção do direito de meninas e mulheres a espaços separados por sexo (que compõe o direito à segurança), ou os destruímos sob nomenclaturas desonestas como “sem gênero”, “para todos os gêneros”, “inclusivos”. Ou garantimos o direito de crianças e adolescentes à educação, segurança e à proteção contra conteúdos, práticas e discursos inadequados à sua idade, ou as obrigamos a participar das fantasias (inclusive sexuais) de homens adultos acerca da mulheridade.

As políticas “trans” iniciaram há cerca de 100 anos com uma mentira médica, que pode até parecer piedosa, baseada em conferir a um pequeno número de pacientes em conflito com seu sexo uma vaga aparência do sexo oposto. Diante da destruição de direitos que essa mentira operou no século passado e sobretudo no presente, cabe a nós fazermos o caminho inverso, por mais difícil que seja: o caminho de volta à verdade.