Cara leitora ou caro leitor,
Muitas pessoas pediram minha opinião sobre o caso “Casarão do Firmino”. Afinal, moro no Rio, sou jornalista, conheço bastante gente e era previsível que informações que não foram disseminadas pela mídia e redes sociais chegassem até mim – como, de fato, chegaram. Recebi, além de diversas mensagens de pessoas que não tiveram coragem de externar o que viram e ou ouviram de primeira mão, um relato escrito de uma seguidora jornalista. Eu o submeto a você.
Antes, uma explicação sobre a demora em publicar: falou mais alto a consciência de que o caso era de se escrever algo depois de um tempo, com os ânimos do meio sambístico carioca menos acirrados. Além do que, adiantando considerações que ficarão para outro texto, pesam o cansaço e o desânimo em ver a força do transgenerismo na nossa sociedade. Preciso confessar que pessoas próximas e ou famosas que eu admirava perderam o brilho para mim diante de seu contínuo reforço à mentira “trans” (afinal, se seres humanos não mudam de sexo, então “trans” nada mais é que uma mentira). Em algumas, vejo o oportunismo de usar essa mentira em seu próprio benefício, sobretudo os que estão em posição de poder e influência, como políticos (as), ativistas, acadêmicos (as) e intelectuais. Em outras, as anônimas e anônimos que repercutem esse nonsense como bonequinhos de ventríloquo, as justificativas só podem ser o medo ou, com o perdão da franqueza, um misto de credulidade, alienação e estupidez.
Sei que é difícil resistir a essa lavagem cerebral quando ela é reforçada por intelectuais de renome e por políticos, artistas e influencers. Perfis supostamente combativos não mentiriam para você, certo? Ícone dos movimentos sociais também não, certo?
(Fonte)
Você sabe a resposta. Não, não existe “amamentação trans”; existe amamentação, exercida por mulheres e fêmeas do mundo animal, e existe abuso de homens contra bebês; nós já escrevemos sobre isso aqui. Existe fetichização da biologia feminina, existe autoginefilia, existe um mundo tão desvinculado da realidade que cidadãos e cidadãs não se indignam mais com coisas que, há apenas dez anos atrás, provocariam a repulsa de todo um país, de todos os países. Sobre os direitos das meninas e mulheres, eles se baseiam no sexo e, conforme já pontuamos exaustivamente em nosso site, são incompatíveis com ideias e legislações que apagam o sexo, como é o caso do reconhecimento de uma suposta “população transgênero”.
A mentira “trans” é, sabemos, reforçada entre outros pela mídia em geral (no Brasil, a todo-poderosa Globo empurra essa agenda praticamente de forma diária em novelas, noticiários etc.) e pelas multinacionais de tecnologia. Temo, sobretudo, pelas crianças e jovens que cresceram depois da internet, pois todas as redes sociais estão comprometidas com o apagamento do sexo. Nosso terceiro perfil no Instagram foi sumariamente excluído por essa rede social e o Youtube, que já havia informado que o nosso canal não seria monetizável (o que não era a minha intenção), nos comunicou que ele perdeu acesso a outros recursos, como se vê dos prints abaixo.
Há fases de maior desânimo e de mais esperança; isso é normal. Por coincidência, logo antes de publicar este texto, ocorreram vazamentos gravíssimos da todo-poderosa organização internacional WPATH, os quais foram divulgados pelo ótimo perfil da Nine Borg no Instagram; não deixe de conferir. E, se tiver alguns reais sobrando, faça sua doação para a Mátria, a única organização brasileira, que eu saiba, formalmente estabelecida no país que visa a garantir os direitos de mulheres e crianças – e não se vendeu a essa indústria.
Abraços. E um abraço especial às mulheres, fêmeas humanas adultas, únicas destinatárias do 8M. Lamento que todas as marchas, sem exceção, tenham sido colonizadas pelo transativismo e seus apoiadores, com amplo apoio de certos partidos. Resistimos .
Eugênia Rodrigues
Jornalista
Porta-voz da campanha No Corpo Certo
Caso Casarão do Firmino: relato de uma jornalista e outras considerações sobre transgenerismo hoje
A “revolta” do momento na internet é a agressão sofrida por dois travestis e uma mulher na saída da casa de samba Casa do Firmino, na Lapa, Rio de Janeiro, na sexta-feira, dia 19 de janeiro. Desde já, ressalto que agressões e covardias são sempre condenáveis, precisam ser investigadas e os culpados, punidos. Meu ponto aqui não é tratar da violência, mas de como ela é abordada nas redes sociais, na mídia e, também como os nomes “mulher” e “trans” são usados quando convém.
Meu primeiro contato com a história foi pela matéria do jornal O Dia intitulada “´Atropelada pelo machismo’, diz mulher trans agredida após show na Lapa” , publicada no dia 20 de janeiro, dia seguinte ao ocorrido. Manchete esperta, com uma frase de impacto que capta aqueles e aquelas que, supostamente, lutam contra o machismo.
Repare: o indivíduo dito “mulher trans”, na narrativa deste veículo, não foi simplesmente agredido por seguranças, mas sim “pelo machismo”. Um caso sobre o qual pouco ou nada se sabia àquela altura já foi reputado ao “machismo”, como se esses indivíduos não pudessem ser agredidos – e agredir – por outros motivos corriqueiros que originam as brigas de bar, assim como nós. E mais: o motivo sequer foi a suposta opressão inventada por e para pessoas autodeclaradas “trans”, a chamada “transfobia”: foi o machismo, que é, precisamente, a opressão sofrida pelas mulheres nas mãos dos… machos.
A confusão entre os termos já começa aí. O texto segue muito confuso e em nenhum momento o termo “transfobia”, que está sempre na boca de transativistas, aparece. Por quê?
Entendo que é para fazer a fusão entre “mulher” e “mulher trans” (homens). Assim, não haveria mais duas (ou mais) subcategorias de mulher (o que já é mentiroso preocupante) e sim, uma única categoria que abarca mulheres, “mulheres trans”, travestis, “não-binários” do sexo masculino e quem mais se disser mulher ou “algo vagamente feminino”. Mistura tudo no mesmo conceito. O termo “mulher” fica um termo esvaziado de sentido – se tudo é mulher; nada é mulher. Apagamento que fala, né?
Essa fusão de conceitos acaba por deixar o leitor sem saber quem fez o que na história. “Uma mulher foi empurrada por um homem.” Que “mulher”? A mulher mesmo ou o travesti? “Outra mulher revidou.” De novo: uma mulher ou um travesti? “Uma mulher tenta tirar o celular da mão do motorista de aplicativo que filmava a confusão.” Uma mulher ou um travesti? Querem fazer parecer que é tudo igual e que essa distinção não faz diferença, mas faz. É a nada sutil diferença entre uma briga entre homens e um homem agredindo uma mulher. Violência intramasculina é diferente de violência masculina contra mulheres.
Na matéria, “a” denunciante é tratada como “a modelo” (é?) e o texto ressalta que “elas” – “a modelo e suas irmãs” – preferem não se identificar. Como jornalista, sei que, para um jornal aceitar uma denúncia anônima, é preciso muita apuração para não incorrer no cometimento dos crimes de calúnia e difamação do acusado. Não foi isso que aconteceu. A repórter até citou aspas da Casa do Firmino, cujos seguranças são acusados de agredirem o trio, bem como menciona a posição da Polícia Civil e o relato de uma entrevista com o motorista de aplicativo. Mas são três pequenos parágrafos que não dão conta da enormidade de nuances, pontos de vista e versões que essa história pode ter – bem como do título espalhafatoso.
Apesar de afirmar que preferia não se identificar ao falar com a jornalista, “a modelo” usou suas próprias redes sociais para sair do anonimato e divulgou sua versão do ocorrido. Proliferaram posts de apoio e reposts dessas publicações.
Foi curioso observar como a história foi ganhando detalhes imprecisos. Um post falava que a agressão partiu de 30 homens, outro cravava 15 e um terceiro post falava de “mais de 15 homens”. Interessante notar, também, que vi esses posts numa sequência de stories de uma mesma pessoa e a gritante inconsistência dos números não a impediu de divulgar os posts. De fato: se eram 30 ou 15 contra três são, em ambos os casos, uma covardia. Mas quero atentar para a pouca importância que se dá à correção das informações e como a máxima do “quem conta um conto, aumenta um ponto” vale na internet. Na mesma leva de stories, uma postagem compartilhada falava até mesmo em “tentativa de homicídio” pelos seguranças da Casa do Firmino. Pouco ou nada se falou sobre os seguranças terem sido agredidos.
Ao que parece, a confusão começou dentro da casa, mas a briga foi na rua. Ainda assim, a Casa do Firmino está sendo acusada de “promover um linchamento” e de “não dar suporte às vítimas”. Na era do cancelamento, uma denúncia sem ter um cancelado não tem graça, não é? Já pediram boicote à casa, já falaram em manifestação na porta e já teve concorrente anunciando que é “trans free” para conseguir divulgação às custas da “carniça” da Casa do Firmino. Não dá para confiar em veículo transaliado nenhum, como Mídia Ninja ou Revolução Preta.
Toda essa movimentação em torno do caso repete um enredo que já se torna conhecido quando envolve palavras como “travestis” e “trans”:
– As vítimas são sempre e exclusivamente os “trans e travesti”. Não importa se também bateram, também provocaram, também agrediram.
– A palavra das vítimas ou supostas vítimas é suficiente. Quando uma mulher denuncia um estupro, por exemplo, a mídia corre para ouvir o outro lado e as pessoas em geral tratam o acusado como acusado e não culpado para não cometer uma injustiça.
– Não basta haver divulgação na mídia. É preciso repercutir massivamente o caso nas redes sociais nos perfis das vítimas e criar uma onda que vai curtir e disseminar postagens de apoio. Impossível, nesses casos, não haver uma onda de solidariedade na internet muito maior do que com homens ou mulheres comuns que passaram por situações parecidas.
– Na divulgação nas redes, é preciso ter um alvo a ser cancelado. Pedir investigação, justiça e reparação por vias institucionais é pouco. É necessário haver a execração pública dos acusados.
– O caso é usado como fato político. Políticos, ativistas e filiados desejosos de audiência usam o caso para se beneficiar.
Quando você vir outro caso parecido, repare se não vão seguir o mesmo roteiro.
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Nossas considerações
Em primeiro lugar, expresso a nossa satisfação em receber o relato dessa jornalista. Acrescento que diversas pessoas me confidenciaram que a confusão começou porque um dos indivíduos denunciantes exigiu o Instagram (em outra versão, o Whatsapp) de um segurança bem-apessoado do Casarão. E, ao ter sua exigência recusada, o tal indivíduo e colegas começaram a atirar garrafas nos seguranças; um deles, inclusive, teve seu braço rasgado – o que não foi citado por praticamente nenhum dos justiceiros que gritou aos quatro ventos a suposta “transfobia” do Casarão do Firmino. Pelo que me confidenciaram, tratou-se, portanto, de uma lamentável agressão mútua – o que, obviamente, não diminui o fato de que nenhuma violência, de nenhum lado, deveria ter acontecido.
Em segundo lugar, reforço as argutas considerações dela e adiciono outras. Você consegue imaginar três mulheres atacando fisicamente um grupo de seguranças? É comum que seguranças, do nada, sem nenhuma discussão prévia, agrediria um grupo de pessoas na casa de samba onde trabalham, independentemente do sexo? Se qualquer problema, discussão ou agressão efetiva é rotulado de “transfobia”, então já pensou como o número de supostas ocorrências de “transfobia” no Brasil é furado?
Fico pensando, também, o quanto reforçar a mentira da mulheridade prejudica estes mesmos indivíduos quando têm interesse em pessoas do mesmo sexo. O estopim do caso Casarão do Firmino lembra o estopim de outro caso e de outra casa, a Casa Nuvem, espaço amado por seus frequentadores até ser, também, acusado de “transfobia”, tática para que ele fosse cancelado, invadido e transformado em “Casa Nem”. A origem Para quem não sabe ou não se lembra, de acordo com o relatório de expulsão de “Indianare”, transativista, do PSOL (agora no PT, com direito a candidatura), tudo aconteceu por motivos bem parecidos:
“Enquanto trans a gente se sente um estrelado. Então, quando foi a nossa chegada vieram várias pessoas cumprimentar: “Você está linda” (…) quando chego na recepção, tinha um cara bebendo, ele me deu uma olhada, deu uma gargalhada bem alta, e disse “Ha ha, que palhaçada é essa? Ainda bem que é carnaval.” Isso é uma transfobia muito grave! Primeiro falar da palhaçada, não é? (…) E isso foi forte pra mim. Ele teria que me dar boa noite! Ou falar que eu estava linda! E aí, a minha amiga, que era bem mais fraca do que ele, não aceitou isso e foi pra cima dele (…)”
Homens heterossexuais não têm interesse em pessoas do mesmo sexo, independentemente de como se vistam, se maqueiem ou das modificações corporais que fizeram, e, com raras exceções, não irão fingir que têm para soarem “inclusivos”. Não importa quantas palestras com “consultores de gênero e sexualidade” sejam ministradas no Casarão.
(Fonte)
(A consultoria incluiria mentir que seres humanos mudam de sexo?)
Finalmente, e tendo consciência de que muitos desdobramentos poderiam ser tirados dessa história, registro que, nas “Olimpíadas da Opressão” há muito jogadas pelo wokeísmo – essa deturpação do que são, ou já foram, os movimentos sociais -, temos, sempre, um campeão: aquele que se diz “trans”. Veja, o Casarão do Firmino é um estabelecimento de um homem negro, uma casa de samba familiar, nascido num estacionamento e que, pelo que sei, quase sempre tem entrada gratuita. Um homem ou mulher que denunciasse essa roda de samba por algum motivo, mesmo que verdadeiro, não só receberia pouco apoio como seria acusado (a): “como assim você detona um espaço de um homem preto, da família dele, tira seu sustento etc.” Porém, é só a palavra mágica – “trans” – ser pronunciada e qualquer outra condição é eclipsada.