Fraturas na coluna, osteopenia, osteoporose (a osteopenia em estado avançado), paralisação do crescimento, dor crônica, problemas no fígado, obesidade, mudanças irreversíveis na voz, piora na saúde mental, tentativas de suicídio. Há apenas dez anos, o único diagnóstico médico que faria com que pais consentissem com um tratamento que pudesse causar todos esses efeitos colaterais em seu filho ou filha seria o de câncer.
Contudo, isso mudou no século 21. Em menos de 20 anos, os pais foram convencidos a autorizar o uso de substâncias que causam os efeitos citados acima para uma condição perfeitamente tratável: o sofrimento ou confusão com o próprio sexo biológico, atualmente denominado de “incongruência de gênero”. Substâncias que, conforme denunciamos há anos, estão causando danos irreversíveis.
O impacto da “afirmação de gênero” na saúde infanto-juvenil é o tema do quarto e último episódio da série de documentários sueca “The trans train” (“O trem trans”), episódio esse que você pode assistir aqui. Os episódios anteriores estão disponíveis no Youtube, respectivamente, aqui , aqui e aqui com legendas em inglês (aliás, alguém toparia traduzir para o português e legendar este quarto e último para eu upá-lo no nosso canal?). A anos-luz do jornalismo brasileiro, estes repórteres descobriram que pelo menos treze crianças e adolescentes atendidos num ambulatório de “identidade de gênero” de Estocolmo, a capital da Suécia, tiveram sua saúde física e mental danificada. Assim como os ambulatórios do Brasil, o Hospital Universitário de Karolinska é vinculado a uma universidade pública e pago com o dinheiro do contribuinte. A matéria jornalística sobre esse escândalo pode ser conferida aqui. (para lê-la em português, basta clicar com o botão direito do mouse e escolher essa opção). “Quase cinco anos depois, ele permanecia na clínica, foi diagnosticado com osteoporose e apresentou alterações nas vértebras”, lamenta “Natalie”, mãe de “Leo”. “Leo” é o nome fictício de uma menina que, aos 10 anos, disse à família que era um menino e teve sua suposta “identidade de gênero” reconhecida pela família, escola e profissionais de saúde – exatamente como você vê acontecer no Brasil. Nos últimos 5 anos, os médicos do ambulatório que atendeu “Leo” encaminharam 440 crianças fisicamente saudáveis para o bloqueio da puberdade com base em diagnósticos de “gênero”.
Comento agora alguns pontos da matéria. Por eu não falar sueco, usei como base a tradução automática e fiz pequenos ajustes.
- Os médicos do ambulatório de “identidade de gênero” esconderam das autoridades e do grande público os danos que causaram aos seus pacientes: “A informação é conhecida pelos médicos do Hospital Universitário de Karolinska – mas não foi divulgada publicamente (…)”. Eles não divulgaram o que fizeram nem mesmo quando, em maio deste ano e conforme a nossa campanha noticiou, o Karolinska interrompeu o “tratamento” reconhecendo publicamente que ele é “controverso e sem respaldo científico”; o hospital admitiu apenas que havia “risco de potenciais efeitos colaterais” e não que esses efeitos colaterais já haviam sido comprovados por eles mesmos. Mais: mesmo depois de os danos à saúde terem sido descobertos, o “tratamento” continuou por mais três meses e nenhum relatório sobre as lesões foi feito às autoridades. Você entende agora por que é difícil encontrar livros e artigos científicos sobre os efeitos colaterais dessas substâncias? Eles não colocam essas informações em seus livros e artigos, nem nos cursos de capacitação que dão, nem falam disso na imprensa ou em suas redes sociais.
- O ambulatório não tinha um limite de tempo máximo para o uso dos hormônios bloqueadores de puberdade. “Leo” se declarou um menino aos 10 anos e foi submetida aos bloqueadores dos onze até quase os 16 anos quando, “de acordo com Richard Nergårdh, o tratamento por dois anos é geralmente considerado um período ´razoável para minimizar o risco de efeitos colaterais”. Ou seja, “Leo então recebeu hormônios bloqueadores por mais do que o dobro do tempo que o tratamento considera aceitável”. Lembrando que nem dois, nem um, nem 6 meses de “tratamento” deveriam ser “aceitáveis” para crianças e adolescentes que são fisicamente saudáveis!
- De acordo com a mãe de “Leo”, “Ele se sentiu tão mal que tentou suicídio em várias ocasiões. Não entendemos, achávamos que nosso filho se sentiria melhor com o tratamento, diz Natalie”. Conforme também já avisamos aqui, médicos, psicólogos, psicanalistas e ativistas que fazem parte do lobby “LGBTQIAP+” convencem os pais de que se não concordarem com a “transição” seus filhos irão se matar, mas é depois da “transição” que os índices de suicídio aumentam; afinal, as reais questões psíquicas e psiquiátricas do paciente não foram resolvidas (às vezes nem mesmo investigadas) e ele agora tem mais problemas, sejam os devidos aos efeitos colaterais, seja o de, diariamente, ter que se convencer todos à sua volta de algo que ele mesmo sabe, ou ao menos desconfia, que não é verdade.
- O que médicos estão fazendo com as crianças, conforme já falamos diversas vezes, é mesmo castração química: “(…) de acordo com o médico-chefe e endocrinologista pediátrico Ricard Nergårdh, que trata crianças com disforia de gênero, os hormônios bloqueadores também podem afetar o paciente. ´É castração química. Pode afetar o estado mental de uma forma que você não pensou e não queria. É muito importante que o paciente e sua família estejam bem informados sobre isso´”. Essa é a primeira vez em que vejo um médico que trabalha em uma clínica ou ambulatório de “identidade de gênero” falar em castração química, que é a única maneira honesta de explicar esta prática. Não é à toa que os bloqueadores hormonais foram originalmente desenvolvidos para homens com uma doença grave, o câncer de próstata; apenas a iminência de morrer faz com que um adulto mentalmente saudável aceite ser castrado, seja quimicamente, seja cirurgicamente. Normalmente, estes profissionais evitam palavras como castração e mutilação e falam sob forma de eufemismo; dizem por exemplo que estão efetuando “mudança de gênero”, providenciando “terapia hormonal”, garantindo a “saúde de pessoas trans e travestis”, que são da área de “saúde LGBTQIAP+”, oferecem “cuidados em saúde” etc.).
- Os hormônios bloqueadores têm tanta probabilidade de danificar os ossos que, de acordo com um dos profissionais entrevistados, “Os ossos e a densidade óssea também devem ser monitorados e verificados regularmente”. Porém, os médicos do ambulatório levaram 4 anos e meio até encaminhar “Leo” para fazer um exame de raio-X, que revelou anormalidades em seu esqueleto. Agora, pense nos ambulatórios brasileiros: será que com os problemas crônicos que temos no SUS, ainda mais em meio a uma pandemia, esse monitoramento acontecerá? O resultado previsível foi que, ao fazerem os exames, descobriu-se que o esqueleto da “Leo” “está mais poroso do que deveria, duas vértebras mudaram e Leo recebe o diagnóstico de osteoporose. Ele também permaneceu estacionado e tornou-se significativamente mais baixo do que o esperado” .
- Os profissionais do ambulatório não assumiram totalmente a responsabilidade pelas lesões; aparentemente, houve um certo “jogo de empurra-empurra”. Veja este trecho:
“O diretor do Hospital Universitário Karolinska não sabia que um total de 13 crianças que foram tratadas para disforia de gênero em Estocolmo tiveram lesões corporais causadas esses cuidados.
´Como você pode não saber disso? Não é essa a sua responsabilidade?´
´Somos duas unidades diferentes. O hospital infantil cuida da parte pediátrica – a investigação e o acompanhamento psiquiátrico são da equipe do KID´, diz Svante Norgren”.
Ou seja, os serviços de modificação corporal são feitos no Hospital Universitário Karolinska, enquanto o diagnóstico de “incongruência de gênero” é dado pela equipe de psiquiatria do “KID”. Uma divisão similar à que acontece no Hospital das Clínicas do Estado de São Paulo: a equipe do AMTIGOS, o “Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual”, faz parte do Instituto de Psiquiatria e fornece diagnósticos, enquanto outras unidades do complexo do HC alteram os corpos. Isso torna praticamente impossível a responsabilização criminal, cível e ou administrativa destes profissionais: os psiquiatras e psicólogos podem alegar que não são eles que aplicam os hormônios e nem fazem cirurgias e os endocrinologistas e cirurgiões podem retrucar que são os psiquiatras e psicólogos que encaminharam os pacientes para essas alterações… que eles estão apenas providenciando o “tratamento” para o diagnóstico que os próprios psiquiatras deram. As ações desse tipo no Brasil serão provavelmente ajuizadas contra os Estados que sediam esses ambulatórios – e o dinheiro da indenização, você sabe, sairá dos nossos bolsos, pois os ambulatórios são estaduais.
7. O insucesso do “tratamento” leva as mães a se sentirem culpadas. Na verdade, elas também são vítimas – ainda que algumas aparentem ter a Síndrome de Munchausen por Procuração e sejam loucas por mídia. A mãe de “Leo”, que não usa seu verdadeiro nome na reportagem, lamenta: “Claro que você sente raiva daqueles em quem confiava. Mas também de mim mesma; era eu que ia proteger meu filho, mas não fiz isso de maneira alguma, diz a mãe de Leo, Natalie”.
8. “Leo” não foi uma “exceção” (e, ainda que fosse, já seria uma tragédia”): “A revisão dos encaminhamentos faz parte da investigação sobre outras crianças que tiveram efeitos colaterais graves devidos aos tratamentos hormonais, nos quais o tratamento foi interrompido. Uma criança tem suspeita de efeito hepático, outra é diagnosticada com densidade óssea reduzida após dois anos. Um terceiro apresentou grave deterioração do estado mental”.
Ao final da matéria, há uma lista denominada “13 crianças com lesões causadas por cuidados e efeitos colaterais“, sejam lesões causadas pelos hormônios bloqueadores de puberdade, seja pelo hormônio testosterona sintética. Repare que não menciona efeitos colaterais do estrogênio, que é dado para rapazes que acreditem ser garotas, o que sugere que ou os rapazes suecos não estão buscando modificações corporais na mesma quantidade em que as garotas (o que inclusive reforça as hipóteses de ROGD e contágio social) ou que o estrogênio tem efeitos menos prejudiciais. Pode ser também que ambas as hipóteses sejam verdadeiras). Repare também que a lista menciona quatro casos de destransição, que não viriam a público se não fosse o documentário – que explica por que você não pode confiar em médicos que dizem que “destransição é algo raro”. Finalmente, tenha em mente que estes foram apenas os casos descobertos pelo documentário; o número real pode ser muito maior.
“CASO 1: O caso Leo, relatado no artigo acima.
CASO 2: Suspeita de efeitos hepáticos, níveis elevados de enzimas hepáticas. Preocupações com a densidade óssea.
CASO 3: Os efeitos colaterais da interrupção da terapia hormonal são detectados após apenas um ano de tratamento. Processo de cuidado prolongado.
CASO 4: Obtém um ganho de peso acentuado quando se interrompe a terapia hormonal, mais de 25 quilos em apenas um ano. Ao mesmo tempo, o crescimento longitudinal para.
CASO 5: Estado mental prejudicado, após início da interrupção dos hormônios. O pronto-socorro do BUP relata o risco de suicídio e como o jovem paciente procurou ajuda repetidamente e foi internado por um período mais curto.
CASO 6: Lamenta seu cuidado corretivo de gênero. Reidentifica-se como mulher, mas teve um efeito irreversível do tratamento com testosterona.
CASO 7: Lamenta seu cuidado corretivo de gênero. Reidentifica-se como mulher, mas teve uma influência irreversível da voz (desenvolveu voz grave) com o tratamento com testosterona.
CASO 8: Lamenta seu cuidado corretivo de gênero. Reidentifica-se como mulher, mas teve uma influência irreversível da voz (desenvolveu voz grave) com o tratamento com testosterona.
CASO 9: Lamenta seu cuidado com a correção de gênero. Reidentifica-se como mulher, mas teve uma influência irreversível da voz (desenvolveu voz grave) com o tratamento com testosterona.
CASO 10: Forçado a interromper o tratamento hormonal após apenas dois anos, quando é descoberta a redução da densidade óssea.
CASO 11: Paciente internado à força pouco mais de um mês após o início da terapia de reposição hormonal devido ao risco de suicídio. O caso é considerado sério.
CASO 12: Após iniciar a terapia hormonal anti-sexual , a paciente se sente muito mal. Alta ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo e sentimentos de irrealidade são relatados. Recebeu diagnóstico sem a participação de psiquiatra.
CASO 13: O paciente expressa pensamentos suicidas e tem uma grave deterioração do humor após iniciar os hormônios de parada. Será admitido no pronto-socorro do BUP”.
Existem muitas coisas que eu gostaria de dizer sobre esse escândalo. Ele está sendo ignorado por praticamente toda a “grande mídia” brasileira e internacional, o que mostra o poder desse lobby e o quão pouco podemos confiar no jornalismo atual (e vejam que eu sou jornalista!). Pretendo, ainda em dezembro, produzir um texto sobre este documentário e desde já solicito encarecidamente que você envie o presente texto para o maior número de pessoas e sobretudo para as autoridades do Estado de São Paulo e do Rio Grande do Sul (políticos, promotores de Justiça, defensores públicos…), pois ambos os Estados têm ambulatórios de “identidade de gênero” que atendem menores de idade. Eu espero que algum órgão desses dois Estados instaure uma investigação (CPI, processo administrativo…) para investigar a situação atual dos pacientes desses locais – ao menos, dos garotos e garotas atendidos a partir de 2013, quando o Conselho Federal de Medicina autorizou a modificação corporal de menores abaixo dos 18 anos através do Parecer nº 8/2013. Nós temos o direito – na verdade, o dever – de saber o que esses locais estão fazendo com os corpos dos nossos meninos e meninas.