Caro leitor ou cara leitora,
neste primeiro mês do ano, desejamos que você tenha um ótimo 2022, repleto de realizações. Iniciamos esta jornada com ânimo renovado pelas conquistas do ano passado, no qual o mês de dezembro foi especial. No dia 25 daquele mês, a Folha de São Paulo publicou uma entrevista com a psicóloga norte-americana Laura Edwards-Leeper, descrita como fundadora da primeira “clínica pediátrica para transgênero” do mundo – ou seja, o primeiro lugar destinado, especificamente, a castrar crianças e jovens quimicamente e cirurgicamente. O título da matéria foi: “Falta avaliação adequada antes de intervenção médica em crianças e jovens trans, diz psicóloga” e você pode lê-la aqui. A profissional deu essa entrevista logo após as declarações de outra dupla de “especialistas de gênero” que também trabalha com menores de idade e sobre as quais já nos manifestamos.
O discurso é parecido: ela não critica a realização das intervenções químicas e cirúrgicas radicais em meninos e meninas perfeitamente saudáveis em si e sim tenta se desvincular dos que, nas palavras dela, “acabam acelerando tudo”. A impressão é que ela, assim como a outra dupla, também se deu conta de que um escândalo médico está prestes a “estourar” e considerou prudente se antecipar, colocando-se como “uma das que soaram o alarme” (o termo de marketing que me vem à mente é rebranding). Se a entrevistada realmente estivesse interessada em iniciar um diálogo honesto com a sociedade, não teria repetido à Folha a fake news de que hormônios bloqueadores de puberdade seriam “reversíveis e muito seguros”. De qualquer forma, ficamos satisfeitos que um jornal de grande circulação no país toque no assunto e esperamos que isso aconteça mais vezes.
Também celebramos o lançamento do documentário sueco “Crianças trans”, que anunciamos no final do ano passado e que agora você pode assistir, traduzido e legendado, no nosso canal do Youtube. Ele expõe, com muito mais honestidade, o que os profissionais de ambulatórios de “identidade de gênero” estão realmente fazendo com os corpos dos meninos, meninas e jovens. Ajude-nos a impulsionar o vídeo dando “like” e compartilhando-o – quem sabe ele não chega a um pai ou mãe que esteja cogitando levar seu filho ou filha a um desses lugares? Fiquei particularmente grata pelo fato de que um endocrinologista que trabalha num dos ambulatórios de “identidade de gênero” da Suécia ter admitido com todas as letras, aos 15min41segundos do vídeo, que o que médicos estão fazendo configura “castração química”. A repetição incansável de eufemismos como “tratamento”, “saúde LGBTQIAP+”, “terapia de gênero”, “mudança de gênero” e “transição de gênero” faz com que muitos pais não se dêem conta de que estão autorizando a castração de seus próprios filhos.
(#pratodosverem : print do minuto 15, segundo 41, do citado vídeo do Youtube, com um homem de roupa branca com detalhes azuis. Na legenda do print, as palavras: “é castração química”).
Houve outras notícias boas ao apagar das luzes de 2021. Uma delas, grande conquista para o direito à liberdade de expresssão, foi a vitória judicial do policial aposentado britânico Harry Miller. A polícia do Reino Unido, aparelhada – como a nossa – pelo lobby “LGBTQIAP+”, está punindo cidadãos que questionam a ideologia “trans” alegando que isso seria “discurso de ódio”, conduta que não é (nem deveria ser) crime no país. Outro fato louvável foi a escritora JK Rowling mais uma vez se posicionar sobre os estupradores que estão se autodeclarando mulheres e, consequentemente, obrigando suas vítimas a mentir sobre o elas realmente sofreram em suas mãos. Referenciando-se em “1984”, um dos melhores livros para entendermos o que está acontecendo, ela escreveu em seu perfil no Twitter:
“Guerra é paz.
Liberdade é escravidão
Ignorância é força.
O indivíduo com pênis que estuprou você é uma mulher”.
(#pratodosverem: print do tuíte retrocitado em inglês e da matéria do The Times tuitada por JK, que pode ser lida aqui. O título, em português, é “´Absurdo´ da polícia registrar estupradores como mulheres – a polícia tem sido criticada por dizer que ela irá registrar estupros por criminosos de genitália masculina como cometidos por mulheres”).
Digno de nota também o apoio do mundialmente conhecido cientista britânico Richard Dawkins à Declaração Internacional das Mulheres. Remando na contramão das organizações “trans-inclusivas”, a WDI (novo nome da WHRC) reafirma meninas e mulheres como seres humanos do sexo feminino e também exige que os países proíbam a hormonização e as cirurgias infanto-juvenis baseadas em “identidade de gênero”.
Repare que os indivíduos acima são britânicos, assim como a que é, provavelmente, a mais conhecida entre os Youtubers a questionar o discurso “trans”: Posie Parker, apelido da dona-de-casa e mãe de quatro filhos Kellie-Jay Keen. O Reino Unido tem dado um exemplo, para o mundo todo da importância de questionar as políticas “trans” e também de união: há conservadores, progressistas, feministas, pessoas religiosas, artistas. Eles já perceberam que o apagamento médico-legal do sexo prejudica a todos nós. E o Brasil teve alguns pequenos avanços rumo à realidade material: no dia 20 de dezembro, foi lançado o Plano Nacional de Enfrentamento ao Feminicídio, que fala expressamente em assassinatos “por razões da condição do sexo feminino”. Reafirmando, portanto, a condição de meninas e mulheres como seres humanos e não sentimentos, “gêneros” e ou “identidades de gênero”.
Tenho notado também que cada vez mais pessoas reconhecem comportamento típicos de seitas (“cult behaviours”) no discurso de transativistas e seus apoiadores. Conforme explica a brasileira Tatiana Badaró, ela mesma vítima de abuso religioso, as seitas aliciam, particularmente, pessoas em situação vulnerável; no caso da ideologia “trans”, são crianças, jovens, mães sem informação sobre o que está acontecendo, pessoas de ambos os sexos com questões de saúde mental, jovens prostituídos, vítimas de abuso. Pretendo explorar este tópico ao longo de 2022 e desde já sugiro alguns vídeos dos quais gostei no Youtube: o recém-lançado “Seria a ideologia de gênero uma seita?” no canal da WDI Brasil (com legendas em português), o “Entendendo e resistindo a seitas”, entrevista lançada no canal do jornalista Benjamin Boyce e o divertido “Igreja dos não-binários”, da Youtuber Exulansic.
Sabemos que temos um longo caminho pela frente, sobretudo no Brasil, onde além do aparelhamento dos órgãos públicos temos uma emissora de TV, a Globo, que faz massiva propaganda “trans” em novelas, telejornais, reality shows. O Estado São Paulo, que é o mais rico do país e que lança tendências e diretrizes médicas, já foi totalmente aparelhado; a título de exemplo, recebemos, de diversos leitores, o print do evento abaixo (link original da postagem aqui), que acontecerá no dia 6 de fevereiro: um suposto “I Fórum de Saúde [ sic ] Integral de Crianças e Adolescentes com Variabilidade de Gênero” a ser transmitido pelo Youtube.
(#pratodosverem : print de postagem da Antra com os dizeres:
“É com muito orgulho que o Núcleo TransUnifesp, em parceria com a ANTRA, ABGLT, ABRAI, ABRASITTI, IBRAT e Mães pela Diversidade, convida todas as pessoas para o 1º Fórum de Saúde Integral de crianças e adolescentes com Variabilidade de Gênero!
O evento ocorrerá no dia 5 de Fevereiro das 9h às 12:30 e das 13:30 às 18h.
Inscrições gratuitas: (link na bio)
Transmissão via Youtube: http://cutt.ly/2lhtKEa
Evento com emissão de certificado.
Este Fórum visa a ampliação da atuação do Núcleo TransUnifesp para também contemplar famílias, infâncias e adolescências. Propõ-se um ciclo de debates com pessoas representantes dos movimentos sociais e de áreas interessadas na saúde integral de crianças e adolescentes com variabilidade de gênero, além dos aspectos”.
O print que recebemos termina na palavra “aspectos”, mesmo; o recebemos cortado, com grifos vermelhos em torno das instituições responsáveis e o alerta de “Fuja!” também em vermelho.
(#pratodosverem : print do canal no Youtube da PROEC Unifesp indicando o futuro “Fórum”).
“O que seria variabilidade de gênero?” você pode estar se perguntando. Provavelmente, simples comportamentos fora dos estereótipos. E que, no Brasil, podem levar a cirurgias permanente mal adolescentes chegam aos 18 anos. O Estado de São Paulo, provavelmente, será o primeiro no Brasil a ser processado pelos danos causados pelo uso de hormônios bloqueadores de puberdade com base em diagnósticos de “gênero”. Além da já conhecida ação movida por Keira Bell, no Reino Unido, o escritório de advocacia Girard Sharp está oferecendo assessoria jurídica aos pacientes prejudicados e suas famílias nos Estados Unidos e o Ministério Público do Texas está investigando a promoção dessas substâncias. Quem vai pagar a conta dessas ações? Você. Ambulatórios de “identidade de gênero”, infanto-juvenis no Brasil, são públicos, vinculados a universidades públicas. E políticos não podem alegar desconhecimento: para além de e-mails que enviamos a parlamentares federais, também fizemos um requerimento específico aos deputados da ALESP que foi juntado em 25 de setembro de 2019. Até hoje, nenhuma providência foi tomada.
Meu maior desejo para 2022 é a proibição da castração química de crianças e adolescentes no Brasil. E ela, acredito, só advirá se conseguirmos aprovar o projeto de lei federal nº 19/20, que está parado há quase um ano: a última movimentação data de 13 de abril de 2021. Meus esforços junto a médicos para a revogação da Resolução nº 2265/19, do Conselho Federal de Medicina, não funcionaram e não é difícil entender o motivo: entidades de classe existem para garantir os interesses dos profissionais da classe e a quantidade de dinheiro que se pode fazer nessa indústria é incalculável. São consultas, hormonizações, cirurgias, consultorias para laboratórios, venda de cursos, de formações em “saúde LGBTQIAP+”, de livros, cachês para palestra. É esse o mercado da “diversidade”.
Sigamos. Sem negociar os corpos das nossas crianças e adolescentes.
Um forte abraço,
Eugênia Rodrigues
Jornalista
Porta-voz da campanha No Corpo Certo