Cara leitora e caro leitor,

 

uma estudante de uma universidade pública brasileira escreveu e nos enviou uma matéria sobre o caso da professora da Universidade Federal da Bahia que foi acusada de “transfobia” e “racismo”. Antecipamos que as mulheres já se organizaram um abaixo-assinado em apoio a ela, para o qual pedimos a sua assinatura. O assunto apareceu, também, neste post, feito no perfil da militante carioca Verônica Moraes, de onde tiramos a imagem abaixo. Analise a imagem e se pergunte: é esse o futuro da Pedagogia?

(Fonte).

Há muito que poderíamos falar sobre o ocorrido. Limitamo-nos a apontar que a importância de combatermos o transgenerismo e apontá-lo como o que ele é: uma mentira que atravessa os séculos.  Uma mentira inicialmente reservada a um pequeno número de pacientes e, agora, a qualquer um que mencione a palavra mágica: “trans”. Enquanto legitimarmos a mentira “trans”, enquanto fingirmos que seres humanos mudam de sexo, casos execráveis como o que aconteceu na Bahia continuarão, no Brasil e no mundo. As políticas de apagamento do sexo e de sua substituição pelo termo “gênero” são insustentáveis e incompatíveis com a vida em sociedade.

Leia a matéria até o fim e reflita: como podemos adivinhar se uma pessoa “se sente” homem ou mulher? Como podemos “adivinhar os pronomes” que alguém escolheu para si naquele ano, naquela semana, naquele dia? Como podemos presumir que um homem que usa um delineador ou um cabelo comprido gostaria de ser chamado de “ela”? A invenção do termo “transfobia” é um excelente negócio para quem ganha vantagens com ele, como holofotes, seguidores, atenção, eleições e, obviamente, dinheiro, como advogados envolvidos no que chamam de “direitos trans”. Mas insustentável para a sociedade e, mais do que dizer que a professora “não foi ´transfóbica´”, devemos rejeitar esse termo, que parasitou a palavra homofobia – esta, sim, algo que existe. Repare também no parasitismo que transativistas e apoiadores fazem do racismo – este, também, algo que obviamente existe. Líderes do movimento negro, acadêmicos negros, políticos negros em posição de poder que foram cooptados (praticamente todos)  deveriam ser questionados publicamente.

Abraços,

Eugênia Rodrigues

Jornalista

Porta-voz da campanha No Corpo Certo

 

Relato da colaboradora:

 

Transativistas e seus apoiadores perseguem professora da Universidade Federal da Bahia

(colaboração de uma estudante que prefere ficar anônima)

 

Uma professora da UFBA foi humilhada, xingada e acusada de “transfobia” e “racismo” por não adivinhar que aluno do sexo masculino queria ser tratado com pronomes femininos.

Terça-feira, dia 12 de setembro de 2023, ainda que o semestre tenha iniciado dia 14 de agosto, aluno que se identifica como “Luisa Liz Reis” e se autodeclarada “mulher trans” assistiu pela primeira vez à disciplina ministrada pela professora Jan Alyne Barbosa na Universidade Federal da Bahia. O site G1 divulgou um áudio gravado em aula onde é possível ouvir toda discussão que culminou em graves acusações contra a docente. Na gravação, a professora tenta seguir com a discussão de um texto, mas é incessantemente interrompida pelo aluno, que se faz ouvir a todo custo e sem nenhuma educação exigindo que a educadora valide seus argumentos a cerca do texto.

A professora tenta seguir com a aula e retomar sua autoridade em sala de aula, alertando que a discussão estava fugindo do tema central do texto. No entanto, mais uma vez é interrompida pelo estudante que, de maneira tirana e arrogante, impede a professora de dar continuidade a seus ensinamentos, prejudicando ativamente o andamento da aula. Quando Jan diz acreditar que “Liz” não leu o texto – já que se tratava da primeira vez dele em sala de aula nesta disciplina – este aumenta ainda mais o tom de voz e passa a falar diretamente com os outros estudantes, desestabilizando o ambiente da sala de aula contra a professora. Jan Alyne, aparentemente nervosa, diz que Liz estaria “chateado”, referindo-se ao aluno no masculino. Enquanto o estudante impõe sua voz, e provoca outros alunos a validarem seus argumentos, a professora segue tentando desviar da discussão e seguir com o conteúdo da aula.

“Eu não a conhecia, nunca a tinha visto e não fiz a chamada no início da aula. Ela não foi identificada como mulher trans para mim. Eu confundi a minha interpretação, de fato. Eu poderia ter ela tanto como um homem gay, tanto como uma mulher trans. Eu errei”, disse Jan Alyne em entrevista ao G1. “Eu estava ficando nervosa e acho que eu falei outra vez, mas depois eu não voltei a falar. Ela começou a se exaltar muito, ficava falando coisas ali que não tinham conexão com a condução da aula, com o programa da disciplina”.

Após o considerado “erro” da professora, Liz a acusa de tentar “diminuí-lo”, ironiza seu método de ensino e depois de “autorizá-la” a dar continuidade a aula, diz que não vai se expor mais. O que de fato não acontece, logo em seguida, o aluno segue a interrompendo sistematicamente, passando a fazer ameaças contra a professora. “E se a senhora continuar fazendo isso comigo – porque eu aguentei a senhora ter feito aquela dinâmica irrisória, insuportável comigo, desde errar o meu pronome, até fazer a minha existência, como aluna aqui dentro dessa sala, não existir, eu vou abrir um processo contra a senhora. A senhora é professora mas eu sou aluna. E o meu direito como aluno [sic] eu estou exercendo, que é participar criticamente”

Intimidada pela reação violenta do aluno, Jan Alyne sai da sala para chamar um funcionário, a fim de fazer com que Liz se retire da sala. “Ela se exaltou bastante, e eu tive que sair da sala, porque ela não estava deixando a gente continuar a aula. Eu desci para chamar um servidor, porque eu estava com um pouco de medo também. Eu pedi apoio a ele, porque eu queria convidá-la a sair da sala, já que eu não estava conseguindo dar minha aula. Aí ela começou a se exaltar mais ainda”. Enquanto a professora não estava em aula, Liz segue falando com o resto dos alunos, dizendo que não importa o que ele estivesse dizendo, a professora deveria o acolher. “Eu podia estar aqui louca, falando merda, comendo cocô, ruminando aqui, como ela faz. Ela tinha que dizer: ‘vamos dialogar de onde é que vem, quais são essas referências’. E eu trouxe as malditas referências que esses brancos querem que eu traga”.

Isso é exatamente o que homens esperam de nós, maternagem, acolhimento e validação.  Homens sentem-se à vontade para exigir que mulheres acolham até mesmo suas loucuras, pois para eles nada justifica uma mulher contrariá-los. No áudio é possível ouvir alguém xingar a professora de “vagabunda”. Ao voltar para sala, a
professora é recebida com mais provocações e ironias; no entanto, ela ignora e tenta explicar o motivo de ter levado o outro funcionário. Jan, como era de se esperar, é mais uma vez interrompida pelo aluno colérico, que se levanta, e aos berros diz que “sua existência foi negada” pela professora e que esta, que mal teve a oportunidade de falar, seria
“violenta”. E ameaça mais uma vez abrir um processo contra Jan. A professora segue apenas pedindo que o aluno abaixe o tom de voz, enquanto este grita que ela deveria acolher tudo que vem dele, até mesmo suas fezes!
“Se eu estivesse comendo cocô, pela pedagogia, a senhora deveria acolher o meu cocô”, grita o aluno defendendo que professoras têm a obrigação de não frustrar os alunos, e acolher suas opiniões independente de qual seja, errada ou certa, “pela pedagogia”. O áudio termina com comentários perplexos de alguns alunos, após Liz sair pelos corredores da universidade, urrando o mais alto de pode, acusações de “racismo e transfobia” contra a professora Jan Alyne. Em comunicado, a Faculdade de Comunicação da UFBA informou que investigará as denúncias e que não compactua com atitudes preconceituosas e discriminatórias. Me questiono a que atitudes preconceituosas e discriminatórias o comunicado se refere: a misoginia escancarada do aluno contra a professora, ou a suposta, e completamente
infundada acusação de transfobia?!.

“As instâncias administrativas da Faculdade não podem e nem pretendem ignorar o episódio. Estamos atentos e buscando oferecer às partes o devido acolhimento. É importante ressaltar que repudiamos qualquer tipo de manifestação preconceituosa e discriminatória, bem como atitudes que ferem a liberdade de cátedra, sendo assegurado sempre o amplo direito de defesa, dentro dos contextos adequados para tal. Repudiamos todo e qualquer julgamento prévio, ofensa ou agressão às partes envolvidas sem apuração dos fatos. É princípio basilar garantir o contraditório em condições isonômicas”

Após o acontecimento, “Liz” organizou uma passeata para marchar em sua própria defesa. No centro de seus seguidores, munidos de cartazes, Liz Reis cumpriu com a promessa que fez no áudio: “pode fazer o ‘espetaculozinho’ que ela quiser, mas eu também vou”. Deu seu show, mas errou ao acreditar que a professora faria ao mesmo. Jan segue sem atacar, apenas se defendendo de maneira ética e legal. Por ter tratado o aluno pelo pronome de tratamento masculino, Jan teve que pedir desculpas publicamente, convencida ou coagida pela lógica imposta de que se pode mudar de sexo.

Em suas redes sociais, o professor Wilson Gomes, titulado na mesma instituição, saiu em defesa da colega de trabalho. O professor denuncia o caráter antidemocrático do transativismo, que se vê no direito de acusar, julgar e condenar. “Quem acusa, ao mesmo tempo julga, condena, expede a sentença e se encarrega da punição. Na verdade, a acusação = condenação pois uma pessoa trans não se engana e pode tranquilamente ser acusador, juiz e carrasco. Devido processo é coisa de cis colonial, dispensável neste caso.”

O professor diz que sua colega já foi punida, uma vez que em menos de 24 horas do acontecido, foi humilhada, xingada, acusada em artigos de jornais, vítima de uma manifestação em frente ao reitor e de uma solicitação que pede a sua demissão. “E a instituição (seus reitores e diretores), que chocou o ovo desse autoritarismo odioso e
fascistoide, não sabe como proteger os seus docentes, nem move um dedo nesse sentido. O cartaz e a pichação ficam na parede, o dedo na cara, o cerco, o CA cúmplice, o docente tratado como pária e criminoso, tudo acontece sem que qualquer reação institucional se esboce.”

Wilson aponta quão insalubre tem se tornado o trabalho do professor, por causa do envenenamento ideológico nas universidades. “Num universo em que a acusação equivale a uma condenação e o acusador já tem o direito imediato de juntar uma galera e praticar a punição que julgar adequada, ser docente se transformou em um risco. Até quando?”

A professora Jan Alyne disse que irá abrir uma denúncia por calúnia e difamação contra “Liz”.