(por: Eugênia Rodrigues

Jornalista

Porta-voz da campanha No Corpo Certo)

 

Brasileiras reagem aos ataques a mulheres vindos da Folha, UFMG e UFPEL

 

A Folha de São Paulo, como o Globo, investe pesadamente em notícias que legitimam transgenerismo. E as universidades brasileiras, em especial as públicas, há muito foram tomadas de assalto por pessoas e organizações (inclusive partidos políticos) que tentam convencer alunos (as), professores (as) e funcionários (as) de que homens são mulheres, mulheres são homens e que haveria outros grupos de seres humanos em nossa espécie (“não binários”, “agêneros” etc.)

Pelo menos, nesta semana, três ataques a mulheres tiveram, delas mesmas, reações rápidas. Nós solicitamos que você apóie as iniciativas e ajude a espalhá-las.

A primeira é esta cartilha para você pressionar a Folha para que o jornal faça um jornalismo minimamente decente sobre o assunto “transativismo X meninas e mulheres”. O que aconteceu: no dia 21 de março, terça-feira, o podcast “Café da manhã”, que é original do Spotify em parceria com a Folha de São Paulo, teve como título “A ofensiva antitrans na política brasileira”. A partir do discurso rotulado de “transfóbico´ do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) no Dia Internacional da Mulher, o podcast garante que, a partir de levantamento da Folha, desde o começo desse ano, foram apresentados 69 projetos de lei ´antitrans´ em nível federal, estadual e municipal. A entrevista foi nada mais nada menos com ´Bruna Benevides´, da ANTRA… exatamente o indivíduo apontado pela jornalista Patrícia Lélis como o responsável pela elaboração e disseminação da lista, que comentamos dias atrás, com nomes, fotos e informações de mulheres, brasileiras e estrangeiras, acusadas de “transfobia”. Lista essa que pode resultar em ainda mais violência contra elas – no próprio mês da Mulher!

Uma de nossas colaboradoras que teve estômago para ouvir o podcast até o fim escreveu: “O podcast falou que ´os projetos de lei, no geral, buscam impedir pessoas trans de participarem da vida em sociedade´ para depois afirmar que ´a maioria deles busca o veto ao uso de linguagem neutra no ensino´. Mas desde quando o veto ao uso de linguagem fantasiosa em escolas é impedir que alguém viva em sociedade?” E continua: “Segundo o episódio, os tais projetos de lei são ´envoltos em numa justificativa de proteção às mulheres e crianças´ e citam projetos contra a hormonização de crianças e adolescentes alegando que os hormônios são reversíveis e que o uso é a partir dos 16 anos, com autorização dos pais”. Ou seja, mentiram sobre o uso de hormônios bloqueadores de puberdade em crianças a partir de 8 anos…

Finalmente, ela conta que foram citados “projetos que tentam barrar pessoas trans em competições esportivas e veta a instalação de banheiros unissex. O podcast seguiu fazendo ligação entre a pauta que eles chamam de ´antitrans´ e a extrema direita e o Feminismo Radical e trouxe dados questionáveis sobre a realidade da ´população trans´, como o já mítico ´o Brasil é o país que mais mata trans no mundo´”.

Bem, se projetos de lei para vetar linguagem fantasiosa, proteger os corpos dos nossos meninos e meninas e espaços separados por sexo são “antitrans”, a única conclusão lógica é que a ideia de “trans” prejudica o uso normal da língua e é anticriança e antimulheres, devendo sim ser radicalmente combatida.

A segunda iniciativa que apoiamos é este abaixo-assinado, que pede apoio à professora Mara Telles, atacada na UFMG – na mesma Minas Gerais que elegeu “Duda Salabert”. O foi notícia no G1. O que aconteceu? Conforme explica o documento,

 

No dia 11/03/2023 a professora publicou na rede social Twitter, as seguintes opiniões a respeito de artigo que tinha por manchete “pessoas que menstruam terão absorventes distribuídos de forma gratuita”:

“pessoas que menstruam”. Já estou começando a sentir saudades de quando só queriam a “linguagem neutra”.

Não era mais fácil usar a seguinte manchete: “Através de programa do SUS, governo distribuirá absorventes de forma gratuita” ?

o identitarismo sectário se sente incluído no “Dia da Mulher”, mas omite o nome mulher como beneficiário da distribuição de absorventes? Estou surpresa!!!

 

Nada há de errado com as declarações de Mara. “Pessoas” não menstruam, pois homens são pessoas e não menstruam. Mulheres e meninas menstruam, mesmo que acreditem que são homens. 

“Mas homens trans menstruam, engravidam, dão à luz….” você talvez tente argumentar. 

Eu poderia responder, de maneira bem-humorada, que mudar o nome das coisas não faz com que elas se transformem em outra coisa; assim, se começamos a chamar pessoas de pássaros, e afirmar que “pessoas voam”, elas não começam a voar por causa disso. Utilizando uma forma de falar mais clara, não é possível “incluir ´homens trans´” sem apagar mulheres. Conforme expliquei neste artigo acerca das acusações de “transfobia” contra Djamila Ribeiro, se considerarmos que algumas mulheres são homens, então expressões como “mulheres menstruam”, “mulheres dão à luz” e “mulheres entram na menopausa” serão necessariamente vistas como “fóbicas” e não como o que realmente são – simplesmente a expressão de fatos incontroversos por milhares de anos. Há que se lembrar também de que informações confusas na área de saúde prejudicam o pleno direito à saúde da população.

Finalmente, a terceira iniciativa para a qual pedimos a sua assinatura é este abaixo-assinado em apoio a outra professora, Ana Paula Penkola, da Universidade Federal de Pelotas, UFPEL. O que aconteceu: ainda de acordo com o formulário, Ana está sofrendo

“perseguição, tentativa de criminalização e pressão emocional que vem sofrendo desde 14/10/2022 pelo Centro Acadêmico e estudantes do Centro de Artes, bem como por outros apoiadores dentro desta universidade”.

Ambos os abaixo-assinados foram redigidos pelas membras da Coletiva Soma e se dirigem às reitorias das citadas universidades, com cópia para o Ministério da Educação, o Ministério das Mulheres e o Ministério dos Direitos Humanos.

Felicitamos as iniciativas e esperamos que mais mulheres e homens reajam a esse tipo de perseguição.