Cara leitora, caro leitor,
uma das táticas utilizadas por transativistas e seus apoiadores foi enquadrar o transgenerismo como uma “pauta da esquerda” e a luta contra essa ideologia, de “coisa de direita”. Na verdade, tanto pessoas de direita quanto esquerda têm se manifestado publicamente de maneira crítica a estas políticas, ainda que os conservadoras, em geral, tenham sido mais incisivos. Neste texto, uma jovem de esquerda do Rio de Janeiro mostra os riscos de se trocar espaços separados por sexo em separados por “gênero”. O texto contém linguagem explícita.
Antes, aproveito para dar uma boa notícia: lembra da ideia legislativa que divulgamos para garantir banheiros separados por sexo? Eu recebi um e-mail da Coordenação do Programa e-Cidadania do Senado Federal avisando que “A ideia legislativa que você apoiou, para ´Garantir banheiros separados por sexo de nascimento para mulheres e crianças do Brasil´, ultrapassou a marca de 20 mil apoios e se tornou a Sugestão 16/2023. Isso significa que a ideia agora segue para a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), para apreciação dos parlamentares. Os senadores podem tomar dois diferentes caminhos: transformar a sugestão em projeto de lei ou em algum outro tipo de proposição, ou arquivá-la”.
É fundamental que você continue arrecadando mais votos para mostrar a nossa força.
Um abraço carinhoso,
Eugênia Rodrigues
Jornalista
Porta-voz da campanha No Corpo Certo

Relato para a campanha No Corpo Certo

 

Recentemente, fui conhecer uma festinha queer que é sucesso na esquerda carioca. Incauta, achei que iria curtir uma música maneira em um espaço de segurança acima da média para mulheres. Por mais que eu saiba o quanto o campo progressista tem atacado os direitos de mulheres e crianças, ainda nutria a inocência de achar que espaços ditos libertários ofereceriam menos riscos para mim e minhas amigas.

Logo no início, uma cortina imensa representando uma buceta, com pessoas entrando e saindo para tirar fotos e fazer vídeos pras redes sociais, um tipo de simulação da penetração. Do outro lado, no palco, uma mulher seminua fazia danças sensuais enquanto no telão atrás dela apareciam palavras de ordem feministas e queer que se intercalavam com imagens do Presidente da República e sua cerimônia de posse. Foi assustador perceber que as pessoas interagiam com aquela performance como se assistissem algo revolucionário: corpos femininos servindo de entretenimento público. Como diria minha avó: “mais velho do que andar pra frente”.

O pior para mim foi precisar utilizar o banheiro que era misto, para homens e mulheres. Enquanto isso, Lula aparecia no telão e me lembrava que durante a campanha eleitoral ele e seus apoiadores afirmavam que banheiro unissex era uma fake news para inviabilizar sua candidatura. Primeiro, fiquei aflita por já ter bebido um pouco e precisar dividir esse espaço com homens que talvez também já tivessem bebido… Depois, fiquei revoltada com a falta de responsabilidade dos organizadores por obrigarem as mulheres a passarem por essa situação em um contexto de festa, onde as pessoas estão alteradas e, para nós mulheres, é sempre um espaço propício a violência. 

Vai precisar uma mulher ser violentada durante alguma madrugada para que todos percebam esse absurdo? Talvez nem assim, pois todas nós conhecemos ou vivemos alguma situação de assédio envolvendo festas e homens “desconstruídos” que rapidamente são perdoados pelos seus “deslizes” por suas organizações e círculos sociais. O mundo não é para nós, as festas não são para nós. Nem o banheiro.