(Por Eugenia Rodrigues

Jornalista

Porta-voz da campanha No Corpo Certo)

 

O termo “gênero” está sendo imposto para esconder a retirada dos SEUS direitos – e da infância

 

Então, agora você precisa “entender de gênero”.

Há certo tempo, empregar essa palavra em questões ligadas a homens e mulheres acontecia pouco fora dos círculos acadêmicos na área de Humanas. É claro que a utilizávamos como sinônimo de reunião de coisas parecidas, como em “gênero musical”. Mas, sobretudo de dez anos para cá, ela foi imposta a você, a governos, operadores e operadoras do Direito, militantes, estudantes.

Você precisa “se informar sobre gênero”. “Informe-se!” eles gritam. E, eventualmente, pedem ou exigem que você pague por isso – diretamente ou através dos impostos que você paga ao seu Município, Estado ou ao Governo Federal. São “capacitações sobre gênero”, “seminários de gênero”, “pós-graduações em gênero”, “treinamento sobre gênero”. A esse termo, são acrescidas palavras positivas como “diversidade”, “inclusão” e “direitos”.

Eles te disseram que é preciso garantir “igualdade de gênero”, “equidade de gênero”. Que você precisa respeitar “todos os gêneros”, a “diversidade de gênero”. Que todos nós “temos um gênero” e que ele pode ser “feminino”, “masculino”, “não binário”, “agênero” e outra infinidade de rótulos. “Qual é o seu gênero?” “Quais os seus pronomes?”

Eles querem “ensinar ´gênero´ nas escolas” e que seja garantido – inclusive nos sistemas públicos de saúde – a chamada “transição de gênero” das crianças e adolescentes.

Eles usam a sigla “LGBT” e suas derivados “LGBTQ”, “LGBTQIAP+”. Eles incluem o “T”, tentando convencer você de que o “T” é uma continuidade do movimento pelo direito à orientação sexual (LGB). Dizem que são “aliados da causa LGBT” (e não mais da “causa gay”, “GLS” ou da luta pelo direito à orientação sexual). Que vivemos em uma sociedade “LGBTfóbica”, que o Brasil seria “o país que mais mata LGBTs” ou “pessoas trans”. Eles também se associarão a outras causas justas, como a luta contra o racismo e a pobreza. Eles estão em organizações e grupos pela proteção da infância, pelos direitos das mulheres e, é claro, em grupos de “estudos de gênero” nas universidades – aqueles mesmos que, há alguns anos, eram grupos de estudos de mulheres. Eu tenho certeza que você vê um número considerável de indivíduos insistindo no uso desse termo que são homens gays, mulheres lésbicas, pessoas bissexuais, pessoas negras e indígenas. Aliás, uma acadêmica negra que eu conheci anos atrás me disse: “eu queria trabalhar com questões de mulheres na universidade, mas é tão horrível a imposição que eles fazem pra gente incluir homens que se autodeclaram mulheres que eu migrei para estudos raciais”.

Você verá homens e mulheres que você admira utilizando esse termo. Provavelmente, acreditou que estaria diante das mesmas pessoas que, ao longo de centenas de anos, tentaram e conseguiram

garantir direitos a meninas e mulheres como o direito ao voto, a abrigos para vítimas de violência doméstica e a cotas em eleições.

Talvez você tenha desconfiado dessa palavra, talvez não. A sua desconfiança, eu tenho certeza, foi imediatamente tratada com condescendência (“você precisa estudar”) ou com agressividade.

Eu vou voltar a esse tema outras vezes, mas eu gostaria de antecipar a você o que o termo “gênero”, quando aplicado a questões relativas a homens e mulheres, realmente é. Ou, ao menos, qual é o emprego que ele está tendo na atualidade, seja no Brasil, nos Estados Unidos, na Finlândia ou na Índia.

“Gênero” é um truque para disfarçar o fato, indiscutível, que seres humanos não mudam de sexo.

Assim, a pacientes com disforia ou confusão sobre seu sexo, é vendido ou oferecido pelo sistema pública de saúde o serviço de “mudança de gênero”. A toda a população, está sendo dito que os espaços e direitos não deveriam mais ser separados por sexo, mas “por gênero”. Esportes, banheiros, abrigos… No Brasil, elas foram obrigadas a dividir as cotas na política, direito pelo qual lutaram, com homens, porque o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que sexo e “gênero” são a mesma coisa. A população também está sendo ensinada que não pode mais dizer que um homem é um homem e uma mulher é uma mulher. Perdemos nosso direito à liberdade de expressão de dizer… a verdade. Dizer a verdade sobre o que são seres humanos seria “transfobia” e… discriminação de “gênero”, “violência de gênero”, “não respeitar o ´gênero´ de alguém”.

Nós não precisamos de “gênero”. Todas as coisas boas que poderiam vir com ele já vinham com outros termos. Quando sua avó ou bisavó conquistou o direito ao voto, quem usava essa palavra, dentro do Direito?

Enquanto você tanta discutir sobre “gênero”, eles propositalmente (ou mesmo sem querer, no caso dos desinformados e desinformadas) estão apagando o sexo biológico da linguagem, dos documentos, das estatísticas, dos registros criminais. Eles estão removendo as características sexuais de crianças, adolescentes e adultos em ambulatórios e clínicas de…. “gênero”. Eles estão apagando a realidade mais básica, que é a do que somos nós, homens e mulheres.